Funeral do Lavrador e do Político.


Gilson Gomes
Advogado
Nunca soube se político  usara arado para lavrar a terra com o propósito de colher bons frutos. Também não tenho conhecimento se o político só tem capacidade para  ver  os seus interesses e a conveniência, ou privilegiar o seu cordão de puxa sacos nos comícios cândidos  feitos no palanque de campanha eleitoral. O bem comum não o seu princípio, mas o seu bem, disso  todos sabem pelas noticias dos jornais.
O lavrador diz João Cabral de Melo Neto,   que só possui a – cova rasa no seu latifúndio -, e, o político como afirmava o Velho Magalhães Pinto – suas posições são como nuvem que passam -, então no dizer de Pinheiro Machado, depois  adotada por Getulio, onde as práticas políticas eram assim – aos amigos os benefícios da Lei, e aos inimigos os rigores da lei.  Político não tem escrúpulo, o seu pudor está onde existe a possibilidade de levar vantagem. O político não persegue o bandido, porém persegue seu adversário, sendo capaz de lhe  cravar uma bala na cabeça. O político não faz exercício espiritual, mas exercício de cargos. Político não tem ciência, mas só expões sua opinião. Ele nunca sabe nada, porque o nada é a ausência do ser e não  contribui com o seu quociente  eleitoral. Assim não suja as mãos, porque não sabe a cor da ficha, caso contrário grilaria  a sua ficha por experiência.
O lavrador semeia no canteiro sua planta mais  viçosa. O lavrador honra o seu funeral pelo fato da natureza  lhe desejar bons augúrios nos céus. O lavrador faz a semente germinar numa cova rasa, ainda que uma semente de mostarda e de laranjeira.
Não sei por que existem seres arrogantes que obstruem nossas calçadas, não respeitam a faixa de pedestre, então porque não expor ao vento  a insensatez, já que Descartes afirma que o – direito é o bom senso -, e Platão, na sua monumental República, afirma – opinião não é ciência.
É. Também existem os que pensam que são seres imortais, deuses de todos os seus, ou do Olimpo. Ninguém corre uma maratona na vida se não  for pelo bom combate, com ensina Paulo de Tarso. Não se manda embora ninguém pela ideologia, ou pela ideia, mesmo pela filosofia, já que a Revolução Francesa  escreveu o direito  da livre manifestação do pensamento. A Bastilha caiu por isso. Em 1792
Lembre-se, que no passado existiu um candidato que levou só o seu voto na eleição, como se pode perder   o pleito por um voto, especialmente hoje, eletronicamente.
Então, o desejo de alguns homens é censurar a cova rasa do lavrador e não a língua do político  oportunista, cuja cova se enche rapidamente de cinzas.
A diferença de um para o outro está no ser, e para onde deseja ir,  parece-me,  com grande  ironia que já venderam a alma ao diabo, não é Goethe?
Ainda bem que esta noticia  não passou pelo crivo do senadinho.
A Câmara  revisora nem sempre é ouvida.
O certo é só a cova rasa para todos, indistintamente.
Pense.
ACADAMEIIA CRICIUMMENSE DE FILOSOFIA - ACF

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