A Corrupção é questão Ilegal, Imoral, e Engorda, ou de Filosofia?

Na nossa meninice ouvíamos das pessoas mais velhas, e isso quer dizer as mais experientes algumas lições importantes na sedimentação do caráter do homem e da mulher do país, recentemente havia Proclamado a República, saindo do colonialismo Português, retirado a Religião Católica Apostólica Romana da condição de oficial do Estado, voto de cabresto, política do Café com Leite, voto feminino concedido em 1932, Estado Novo, os Anos Dourados, campanha da Legalidade, Reformas de Base que não saíram do papel, Golpe Militar de 1964, Regime de Exceção do AI 5, repressão ao movimento Universitário de Ibiúna, e a edição dos Decretos 477 e 288, supressão do ensino da disciplina de Filosofia, desobrigação do professor de exigir o canto do Hino Nacional na Escola, aprovação automática de aluno sem a nota, aviltamento da remuneração do Professor, ficado aquém das exigências básica de sobreviver com dignidade, enquanto aos controladores do Aparelho do Estado percebiam remuneração maior, e continua a perceber parte do bolo da riqueza Nacional sem pedir nenhuma permissão ao povo que paga conta sem reclamar, possuindo a fé na Pátria, e esperança, dizendo assim:

- Sou pobre, porque Deus quis assim!
Meu filho, o próximo Governo vai melhorar.
Quem sabe no dia de amanhã não fica melhor.

Os pais ensinaram aos filhos a honrar a palavra hipotecada no negócio feito, pois como dizia tudo fora feito no fio de bigode, não roubar, não matar, e possuíssem sempre vida reta – honesta, pois diziam ser bom não custa nada, sendo de graça vem de Deus.

Porém, classe dominante, senhora do bem e do mal, pertencente à burguesia latifundiária, senhora das minas de ouro, engenhos de açúcar, fazendas de café, e controladores do tráfico de escravo, compradores dos títulos de comendadores e de nobreza, em troca de vantagens aos serviçais do povo.

As doenças tropicais epidêmicas e endêmicas matavam centenas de pessoas, e certo Juiz da época publicou decisão suspendendo a vacinação compulsória na primeira década do século XX, a fim de impedir o Médico Sanitarista Osvaldo Cruz, que fizesse compulsoriamente a vacinação em massa, cuja finalidade poderia ser proteger a pudicidade da classe dominante, que não deveriam mostrar as suas bundinhas para o vacinador enfermeiro. Posteriormente, essa decisão fora revogada pela sua inconsistência, em face da precariedade dos sistemas sanitários da cidade do Rio de Janeiro, com esgoto a céu aberto, e cada canto havia recipiente adequado para a proliferação do mosquito transmissor da febre amarela.

A febre amarela urbana fora erradicada em 1942, e que hoje volta com a Dengue (hoje segundo noticias, existe mais de quarenta mil casos de pessoas infectada pelo mosquito transmissor da dengue), e também, a febre amarela silvestre, exatamente, pelo fato de o Estado ausente, omisso, e ineficiente não ter feito a sua parte na prevenção destas graves enfermidades. Só falta voltar à varíola, pois aí seria uma tragédia.

O Município pavimentou a rua que passa na área de ocupação, fez o Postinho de Saúde, Escola, creche, viadutos, pontes, adquire medicamentos, livros didáticos através do expediente do superfaturamento, com margem de lucro a maior, e depois o povo dizia como Adhemar:

- Rouba, mas faz.

Depois atravessa o sinal vermelho da rua, fura a fila dos idosos, e do deficiente, ri de quem precisa de óculos ou das muletas, não devolve troco de um centavo, e saiu da escola pelo fato de ter colado a prova do colega, e rasurado a nota do boletim escolar, e por último entrou na sacristia da Igreja, e comeu a hóstia do missa, e por isso acabou empanturrando de vício, e sem escrúpulo de qualquer natureza.

As deformações de comportamento nascem da educação recebida da família, e da escola, pois a família legitima a prática de atos considerados de menor potencialidade ofensiva aos bons costumes, não estabelecendo limites quanto ao uso da liberdade objetiva, sendo tolerante com a prática da burla ao princípio universal, como se isso no futuro não fosse repercutir no êxito, e no sucesso do adulto na vida afetiva e profissional, pois o marco para encontrar a galinha dos ovos de ouro, certamente pode ser a vida disciplinada, e o exercício da razão como modo de pensar do homem racional, pois assim ensina São Tomás de Aquino, Suma Teológica, no nº 1, Art. II, da QUESTÃO XIII ― DA ELEIÇÃO., quando afirma:

1. ― Pois, como diz Aristóteles6, a eleição é o desejo de certas coisas em vista de um fim. Ora, os brutos desejam certas coisas em vista de um fim, pois agem para algum fim e são movidos pelo apetite. Logo, nos brutos há eleição.

A sociedade escolhe os princípios pelos quais cada homem e cada mulher devem orientar sua vida, pois se o fim for diverso do bem comum, e geral, todo ato se reveste com a mácula da corrupção, pois corromper pode ser deformar o ato, ou ainda dá interpretação diversa da razão.

A Escola confessional dos séculos XVIII e XIX, substituídas pela escola laica, em razão da separação da Religião e o Estado, tese defendida por Kant, embora fosse Cristão, não ensina ao a criança e o adolescente, posteriormente na Universidade, construtores do ato de pensar, raciocinar com base na premissa da virtude, e por último, não ensina os valores da cidadania como cantar o Hino Nacional, e conhecer a etimologia dos étimos contidos no hino, exigir serviços dignos do Estado pelo fato de não sonegar e pagar impostos, considerar o Presidente, Governador, Prefeito, Vereador, Senador, Deputado Federal, e Estadual, Juiz e Promotor de Justiça, como seu empregado, pois quem se propõe ser servidor público possui o múnus sacerdotal de servir, sem pedir nada em troca, e ainda como estimular a criança, a prática da solidariedade pelo idoso, enfermo, portador de deficiência, gestante, e a criança e o adolescente, especialmente, quando se encontrarem em estado de risco de saúde, social, e de perigo, pois tal prática se trata de escolha, ou opção do Estado, a fim de ser garantidos vantagens e privilégios, porém, tal ação pode inconsciente, mas redunda em permissividade ruim ao bem coletivo, e neste particular São Tomás de Aquino, Suma Teológica, nº 3, Art. IV, da QUESTÃO XIII ― DA ELEIÇÃO, como se pode lê a seguir:

. SOLUÇÃO. ― Como o objeto da intenção é o fim, são os meios o da eleição. Ora, o fim é uma ação ou uma realidade qualquer. E quando esta for o fim, necessário é que intervenha alguma ação humana; quer porque o homem faz essa realidade, que é o fim, como quando o médico produz a saúde, que é o seu fim e, por isso, se diz que produzir a saúde é o fim do médico; quer porque o homem, de algum modo, goza ou frui da realidade, que é o fim, sendo assim o dinheiro ou a sua posse o fim do avarento. E o mesmo se deve dizer do meio. Pois necessário é que este seja uma ação ou alguma realidade em que intervém alguma ação, pela qual o homem produz o meio ou dele usa. E deste modo, a eleição sempre diz respeito aos atos humanos.

A premissa mais satisfatória no combate ao mau costume é a prática da virtude, especialmente das sete virtudes desconhecidas pelas gerações atuais, cujas virtudes são leis Universais, que nenhum homem ou mulher podem esquecer na construção da sociedade justa, e com melhor distribuição de renda.

A justiça, a prudência, a tolerância são essenciais para se chegar ao meio termo, excluir os extremos, pois ninguém será bom se não aplicar a virtude da justiça, nem poderá ser justo se não for prudente, e poderá conviver com os demais, caso não seja tolerante com as suas limitações, e dos semelhantes.

O amor é virtude que se deve ter pela Pátria, terra onde se finca a tradição dos antepassados, e também pelo povo, seja pobre ou rico, pois o amor não tem cor, ele é incondicional, tanto pela mulher amada, e filhos, quanto pela mulher para com o seu marido, e filhos, pois no Oráculo de Delfos foi determinado: Conhece-te a ti mesmo, Confúcio ao ensinar aos seus, que não se deve fazer aos outros, aquilo que não queremos que nos façam em palavras e obras, Jesus de Nazaré, ensinou: Ama o próximo igual a você mesmo, e Shakespeare ao sentenciar, que a questão é ser ou não ser, trazendo a evidência uma outra premissa ensinada por Jesus, quando afirmou: Que ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelo seu amigo. Amigo é o ser amado, pois o amigo (amicus) é uma derivação de o verbo amar. Refiro-me do amor como ato da virtude, e também, como causa da crise de afeto que a humanidade deste século passa atualmente.

Os ocupantes de mandato que deve exercê-lo em nome do povo, pois o poder emana do povo através do voto popular, e demais servidor são pessoas, na maioria das vezes, imaginadas como pertencentes à casta de privilegiados, selecionados pela cor dos olhos, nome de família, e o tamanho da fortuna, transformando o mandato numa ação entre filhos do mesmo clã, cuja partilha de cargos já conhecida antes do pleito, e por efeito tratam o servidor público velho com desrespeito, jamais aprecem para trabalhar no local determinado pelo ato administrativo, pois se comportam como lobisomem, fantasma inquieto, perseguem os que tocam e carregam o piano, como estes comportamentos insolentes, invejosos, arrogantes não há como verificar qualquer réstia de luminosidade frente à virtude da humildade, pois a humildade pressupõe como premissa o reconhecimento do talento alheio, do bom caráter do outro, do hábito da sabedoria, do conhecimento, e por fim, não pretender a superioridade naquilo que por essência pode ser transitório, pois isso serve para a mãe, o pai, o filho, o irmão, o professor, e para cada aluno, que tiver interesse em aprender a arte da ciência.

Recente saiu uma pesquisa executada por uma instituição confiável sobre a corrupção no Brasil, e como o Brasileiro se comportava diante de cada fato apontado na pesquisa, p. ex, concluiu-se, que o brasileiro, tem opinião sobre direitos e obrigações, mas não executa a sua opinião; que sonegar impostos não tem nenhum problema, pelo fato de não receber do Estado os serviços por aquilo que recolhe aos cofres públicos, cometer infração de trânsito é normal, pelo fato de não existir estradas decentes, e a receita da multa fazer parte de uma indústria lucrativa, que o brasileiro não é racista, mas não aceita as diferenças, e nem casaria com a uma pessoa de outra etnia ou portadora de deficiência; o brasileiro é contra a tortura, mas aceita a tortura praticada pela polícia, e por fim, brasileiro diz que todos são iguais, mas pensa que a desigualdade é normal, e tolera abusos, especialmente contra os mais fragilizados.

Cotidianamente, quando se entra numa repartição pública sempre se encontra um senhor bem afeiçoado, engravatado, com paletó cheirando a naftalina, com óculos escuros, gentil, às vezes usa um perfume francês para iludir o mofo, e o cheiro estranho, com sua mala preta na mão, transitando no corredor de um lado para outro, procurando algum servidor incauto para dizer assim no pé dos ouvidos:

- Decide assim, que lhe darei uma boa recompensa.
- Ele não merece pelo fato de já ganhar demais.
- Decida assim, coloque isso, ou aquilo (duro é quando ela fala ao telefone, com o telefone grampeado).

Bem, com a mulher, sensível a beleza, e a percepção, ele age assim como se fosse o curió:
- Doutora, a senhora está bela, hoje,
Que tipo de perfume a Senhora usa,
A senhora gosta de flores,
E depois ele interpela:
- A Senhora não pode dá o jeitinho brasileiro naquele caso (tragédia pode ser ter de falar tudo isso a uma mulher desagradável, mas às vezes, milhões em jogo valem à pena, mesmo que a alma seja pequena).

O tráfico de influência e a corrupção são deformações culturais, cujo remédio sempre será o exemplo, pois a palavra pode convencer, mas o bom exemplo arrasta as multidões, e o bom exemplo se verifica na virtude, naquilo que for justo, probo (reto), não há como se fazer uma nação de faz de conta, pois fingir que paga, e outro fingir que trabalha para o povo, pode ser a mesma, coisa, pois mudar as pessoas na cadeira, e não mudar hábitos nada funcionará dentro do estado de Direito.

O apetite pelo poder, opulência expressa em pecúnia, escamoteamento da verdade no sentido de realidade, incoerência, incongruência entre dois supostos valores materiais, e por fim, cada ato sempre predomina a paixão, pois na sociedade atual se bem aquele que tiver maior sanha pela canalhice, ou então seja capaz de fazer química com chapéu alheio, sem que seja obrigado a passar no caixa e depositar o valor da despesa – Todas as coisas pertencem ao corrupto, nada sobra para a população, que paga a conta, mas não se pode esquecer do corruptor durante as eleições, que promete o churrasquinho a custa da cirurgia da criança, depois de ter esperado pelo atendimento pelo prazo irrisório de um ano. Não é possível mensurar se a corrupção, o tráfico de influência nos Países em Desenvolvimento é pior do que o holocausto cometido nos campos de concentração pelos Nazistas, e as atrocidades que cometeram contra todas as raças, pois a corrupção é o pior dos males existentes nas sociedades, são centenas de milhões de dólares, libras, euros, e reais, que ficam nas contas secretas de paraísos fiscais, e que um serviçal comissionado entra um veículo Corcel 73, e depois de mês e dia de trabalho desfila acompanhado de uma mulher loira, ou com os cabelos castanhos, ou de tranças no veículo Jaguar 2007, e ainda dizem que:
- A política é dinâmica.

A paixão pode ser boa, quando não se tem a apetência da cobiça do bem alheio, ou de fazer do público uma benesse privada, pois para suprir necessidades básicas do homem mais fragilizado não vê a cor do imposto recolhido, e cujo ato São Tomás de Aquino, Suma Teológica, nº 2, 3, do Art. I, da QUESTÃO XXII. ― DO SUJEITO DAS PAIXÕES DA ALMA, onde se expressa:


2. Demais. ― A paixão é um movimento, como diz Aristóteles1. Ora, a alma não é movida, como ainda Aristóteles o prova2. Logo, nela não há paixões.
3. Demais. ― A paixão é causa de corrupção, pois, como diz Aristóteles3, toda paixão aumenta em detrimento da substância. Ora, a alma é incorruptível. Logo, não tem paixões.


Desta forma, a construção de nossos paradigmas para a nossa sociedade passa pelo hábito, pois é imperiosa a mudança dos atos de todas as naturezas.

O bom costume faz o ser adquirir bons hábitos, pois a sabedoria, a justiça, a prudência, e os demais valores podem ser construídos pelos bons atos, que por efeito pode se transformar em hábito, e daí em diante ser construída a civilização desejada por todos, preterir o hábito da virtude é o mesmo que jogar substância química no na atmosfera com enorme poder de letalidade, pois neste sentido ensina São Tomás de Aquino, Suma Teológica, nº 1, 2, 3 Art. III, da QUESTÃO. L — DO SUJEITO DOS HÁBITOS, com a seguinte advertência:

1. — Pois, como a potência nutritiva, também a sensitiva pertence ao irracional. Ora, não se admite nenhum hábito nas potências da parte nutritiva. Logo, também não devemos admitir nenhum nas da parte sensitiva.
2. Demais — As partes sensitivas são-nos comuns com os brutos. Ora, estes não são susceptíveis de nenhum hábito por não terem vontade, que entra na definição do hábito, como já se disse (a. 1). Logo, as potências sensitivas não são susceptíveis de nenhum hábito.
3. Demais — Os hábitos da alma são as ciências e as virtudes; e assim como a ciência diz respeito à potência apreensiva, assim a virtude, à apetitiva. Ora, as potências sensitivas não são susceptíveis de nenhuma ciência, porque esta tem por objeto o universal, que aquelas não podem apreender. Logo, também as partes sensitivas não podem ter os hábitos das virtudes.
Mas, em contrário, diz o Filósofo, que as partes irracionais têm certas virtudes9, a saber, a temperança e a fortaleza.


Assim, a corrupção é ilegal pelo fato de ferir a lei fundamental, imoral pelo fato de violar os bons costumes, e pelo efeito o hábito, e ela engorda em razão de corrupto viver sempre com a conta cheio de dinheiro público, usar os favores oferecidos pelo poder, carros novos, e suas namoradas possuem cama e mesa com a comissão do superfaturamento, e certamente Diógenes, o cínico (século IV A.C), daria aos nossos corruptos e corruptores a seguinte lição:

Estava Diógenes jantando seu costumeiro prato de lentilhas, quando Arístipos se aproximou. Arístipos, de Cirene, era também filósofo, adepto do prazer como único bem absoluto na vida. Para poder levar uma vida confortável, vivia sempre bajulando o Rei. Disse, então, Arístipos a Diógenes: —Se aprendesses a bajular o Rei, não precisarias reduzir tua alimentação a um prato de lentilhas.
Por sua vez, Diógenes retrucou: — E tu, se tivesses aprendido a te satisfazeres sempre com um prato de lentilhas, não precisarias passar tua vida bajulando o Rei.

Quando perguntavam à Diógenes o que tinha feito para que o chamassem de cão, ele respondia:

"Costumo fazer festa para quem me dá alguma coisa, rosnar para quem me rejeita, e cravar os dentes nos crápulas."

Caso olhe para o lado, então diga amigo meu, como a canção de Roberto Carlos:
- Tudo que eu gosto é ilegal, imoral, e engorda?
Mas, a corrupção também.

A corrupção é a causa da perda de mais de dez por cento do nosso Produto Interno Bruto – PIB, e o Brasil têm ocupado uma posição de destaque, na classificação entre os maiores corruptos do Planeta, pois sendo assim não dá para ter saúde, educação, e distribuição de renda, situação de fato difícil, especialmente para o estrato da sociedade abaixo da linha da pobreza, cuja esperança de bons tempos os ventos não sopram pó esta terra onde tudo dorme em berço esplêndido.

O Brasil deveria regulamentar com urgência a Convenção Internacional sobre a Corrupção aprovada pela ONU, quem sabe teria melhores referências sobre a moralidade, e a aplicação do dinheiro do contribuinte, não é?


Pense!

ACADEMIA CRICIUMENSE DE FILOSOFIA – ACF ajuda a pensar.

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