No Dia em Que a Terra Parou




Gilson Gomes
Advogado

Não quero fazer média  com os delírios da   equação da  perda de seres por causa da  fome, pela   falta de água  doce necessário ao consumo humano, e tampouco sobre  o fim das  enfermidades na face da terra com a simbologia  contida no  Apocalipse de João – o último livro da Bíblia.
Nunca fui especialista em escatologia. Logo não tenho mercado de pedras preciosas e nem de tapete persa, jamais  vendi ilusões sobre o tempo passado,  presente, e futuro, pois que a natureza possui  suas leis assim como as leis de mercado. Todas as coisas estão postas numa ordem no universo. Sei que a alma segundo Aristóteles é matéria, como o pensamento também o  é.  O fim de todo ser humano é a morte, sentença certa, já que a matéria orgânica se transforma em pó. Daí restar o espírito, sendo  a fonte de toda arte e criação, pois é no espírito e intelecto que está   razão,  que o homem pode  se assemelha ar a  Deus. Neste caso, todo homem se imagina um deus, mesmo que  possa ter sido feito  de barro, - mas, pensa. Pois muitos estudiosas atualmente  descrevem o homem arrogante e egoísta como o portador da – síndrome de Napoleão.
A terra para todo momento que não vigora o bom senso,  quer pelo bombardeio, ou pelo uso indevido das promessas, na aplicação  da verba pública. Se verdade que para falar ao vento bastam palavras, também é certo, que para falar a mente e aos corações  é necessário a obra, não quero desfazer  a ideia de Vieira, com tal afirmação, mas, se quer no mínimo de razoabilidade.
No entanto, a terra pode chegar a não ter professor para receber as crianças na escola; não haverá médico para  prolongar a vida dos doentes; nem o juiz irá ao fórum porque não há processo; o prefeito deixou a cidade  pelo fato  de não existir contribuintes; e nada acontece por acaso no universo. O universo tem suas leis, e no dia que deixar de  existir  o oxigênio e o hidrogênio, moléculas indispensáveis na formação da água, então, os oceanos se tornaram íngremes desertos, não existirá nem a fauna ou a flora, mesmo o mais belo botão da rosa murchará antes do sol se por ao anoitecer. Aí  pode acontecer outras metamorfoses no planeta, pode existir uma nova economia, e o homem precisará rever os seus conceitos. Uma educação nova, para um cidadão no mínimo afinado com a natureza. Os que melhor se adaptarem serão os premiados com o novo ser. Pois o bem só pode ser eficaz se existir a consciência do bem, não adianta ser cheio de boas intenções, se não tiver exercitado a virtude. Logo Agostinho reafirmara, - que de boa intenção o inferno está cheio.
Todos os homens gostam daquilo que lhe  for conveniente, ninguém o gosta, porque  pelo fato de  ter sido justo. O primeiro está em jogo o meu interesse, depois o seu, não  é?
É certo que o Estagirita dissera que o universo  é impulsionado por motores, segundo alguns são muitos, mas como manter a ordem e a harmonia. Imagine se o motor parar de funcionar. E agora, como fica? Se o motor é uma força, claro que sim, então pode ser Deus.
A terra  para todos os dias, cada carbono, cada sujeira debaixo do tapete pode dar a impressão do caos, e do juízo final,  especialmente, quando deixar de pensar, e tiver certeza da sua morte cerebral.
Desta forma se persistir a ausência de humanidade, quando o verdadeiro doente é explorado, e o que finge estar doente  recebe todas as apologias da vida. Há os que nascem, mas há os que são transformados, e há os que  são vitimas de acidentes. Porém, se cada dia um ser deixar  de fazer a sua parte,  pois as atitudes ou atos,  as vezes são justas,  e nem sempre simpáticas, sem que cada qual deixe de cumprir o seu dever.
Aí o motor não para, e a terra também.
O trabalho fora a forma inventada pelo homem para sobreviver na terra, mesmos  dos regimes de servos, vassalos, escravos, ou então de lacaios de certos lugares da terra. Os martírios fizeram as conquistas, e hoje, ao invés de recordar dos  trabalhadores  mortos em Chicago se imagina fazer uma festa, a fim de justificar a divisão do trabalho eo capital.
O capital é o motor da economia, mas o destinatário é  o homem. Por isso se pretendeu com a invenção da máquina romper o ciclo escravocrata. Precisava-se não da senzala, mas de consumidores.
Apesar da crise das economias ricas, o motor do universo segue.
Cada dia a terra para, depende o lodo que estiver o olhar de cada  homem à sua volta, já que a sociedade seletiva e   competitiva demanda aptidão e conhecimento. Cada dia pode ser o fim – Um juízo final de  inaptidão. A falta de gosto pelo bem e pela virtude da justiça. Assim os órgãos param por falta  de oxigênio no sangue, e o homem morre,  com o seu último suspiro.
Pense.
ACADEMIA DE CRICIUMENSE DE FILOSOFIA – ACF.

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