Ágora – O Mercado Não é Daqui..


Gilson Gomes
Advogado
“O que eu temo não é a estratégia do inimigo, mas os nossos erros. Temo mais os nossos erros que os planos dos nossos inimigos.” Péricles ("cercado por glória"; c. 495/492 a.C. - 429 a.C.)
Ágora[1] dentro do pensamento Grego se tratava de um mercado, onde se podia  vender quase tudo, inclusive  se  debatia as  ideias dominantes na época clássica. Péricles fora o construtor de – Ágora, como também de outras obras formidáveis do apogeu do pensamento grego.
Não pense que a Grécia fora  igual  a de hoje que se encontra a beira do caos financeiro, mas a Grécia foi o berço da nossa civilização, sendo dela que emerge a filosofia adotada pelos romanos,  tanto pelos pensadores dos primórdios do Cristianismo  de concepção platônica quanto pelos pensadores do status de Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino, que lentamente se consolidara  o pensamento Aristotélico, trazido para o Ocidente pelo árabe Averróis[2] e depois adotada por  Avicena,  sendo que obra de Aristóteles chegara até Tomás de Aquino  pelo fato de Aristóteles já se encontrar na boca do povo, e por necessidade da  sobrevivência do poder constituído posterior a queda do Império Romano, que necessitava de uma estrutura organizacional prática, para fazer permanecer o seu poder e os seus dogmas, especialmente em relação aos que eram os provedores do Estado eclesiástico civil, já que o sistema  econômico dominante era o capitalismo (não o capitalismo nos moldes atuais) feudal. Claro que o pecado é  o étimo dado ao  crime dentro da doutrina religiosa ao considerar o pecado uma violação a lei de Deus e os mandamentos outorgada pelos judeus e cristãos. Os romanos consideravam pecado o ato ilícito como fizera Tibério ao editar a Lei do crime de lesa majestade, mas a sua base primária estava nos usos e nos costumes. Os  gregos da mesma forma, sendo que Sólon valorizava os usos e os costumes, mesmo tendo editado a norma que dizia que uma lei só  poderia ser alterada depois de ter decorrido cem anos. Na verdade dentro dos usos e costumes,  é onde deve  ficar o paradigma da moral, derivando o pecado,  sendo tratado com relevância de infração moral e ética. Também o ato de  aplicar a pena capital, como  a aplicação  da pena privativa de liberdade  fora tratada como  infração ética, não se fazia uma discussão se o agente possuía ou não a intenção de praticar a ilicitude, mas apenas estava em jogo o constrangimento social, e o juízo de valor humano, como dissera Albert Einstein - Não tentes ser bem sucedido, tenta antes ser um homem de valor.
Na Ágora da Grécia, construída por Péricles, segundo se tem noticias se tratava de um local  para se praticar o comercio e se debater a relação de Atenas com os Espartanos.
Evidente que na praça se tinha conhecimento de todas as informações da vida política e filosófica da cidade,  pois    estava sendo divulgado  que    Aspásia, a mulher Péricles[3],  havia convencido a ir à guerra com Esparta[4].
Claro que o centro para debate,   o topos do  desenvolvimento do pensamento deu ao povo Grego o seu período de ouro, não é como hoje, quando o estrategista como  um certo Primeiro Ministro que gostava de fazer uma laranjada com  dez por cento em  pecúnia; a mosca azul que  zoava na cabeça do desafortunado infeliz; o pavão que aonde estiver joga suas asas sobre o planeta; o papagaio de pirata  que  aprece na foto no dia  sagração ao trono  do mais novo pilhador. Péricles não era uma ave de rapina, mas um homem de Estado e um homem ligado ao pensamento grego da época  - os  filósofos Protágoras, Zenão de Eleia e Anaxágoras [5]  
Hoje, como anda as nossas praças,  e nos nossos Jardins, a nossa cultura, o nosso turismo, nossa educação, nossa saúde, e a nossa fé. Não temos mais a Estação,  do velho trem das dezoito, até a casa do Ferroviário destruíram, e depois fizeram outra vez, não sei quem fez o vandalismo, mas o que sei que deve ter o dedo dos filhos da destruição.  Resta apenas uma casa na praça, tombada, como também o velho prédio aonde  se guarda relíquias da nossa geologia. Pois na Mina 11,  e na  histórica Rua Amazonas, hoje, há um Shoping e o Parque das  Nações. Já  existiram Secretários que desejaram trocar o nome da Praça do Congresso, e fazer debaixo da Praça  um estacionamento de veículos. Não estamos ainda nos tempos da sociedade tecnológica, pois ninguém deseja expor sua vida na rede mundial de computadores, sendo que sua vida por certo deve existir alguma cebola podre, e também repolho,   em estado de putrefação   debaixo do tapete. Todos os dias existem  uma surpresa, nem Péricles iria aguentar o tranco.
Dessa forma Ágora fazia parte de outro contexto, de outro marco referencial e contextual. Lá não existiam tantos corruptos como aqui, e nem  se faria do esgoto nossa principal fonte de renda, em Ágora já existia saneamento básico, todos liam e debatiam os pensamento, sendo que  naquele mercado não se vendia sentença, nem a honra, mas apenas Péricles construiu a Acropoli  em homenagem a deusa Palas Atena, como se fosse uma espécie de Banco Central dos Gregos. Pois dizem que dentro das estatuas se entesouravam o ouro, como reserva para suprir a cidade. É  certo que fora enorme  habilidade do Estadista a ideia de esconder  nas estatuas do  templo o ouro., em contrapartida aqui  nessa terra da Carta de Caminha se esconde na cueca, existindo até, a prece da propina. Logo Ágora do debate, da política, e dos amigos da sabedoria jamais fora aqui.
Nestas terras  de palmeiras e onde canta o sabiá, no dizer de Gonçalves Dias,  jamais quis  ter sido Ágora de debate e do pensar. Pois se a metodologia então dominante seria a de perguntar, mas então perguntar pra quê.
Desta forma, concluo assim – Ninguém me convidou para debater nenhum ato, mesmo, meus  próximos, querem decidir  a minha vida sem que   tenha tomado conhecimento da pauta,  o que surpreenderia   Zenão de Eleia:
“Quem é um amigo? "Um outro eu".
“O que se move sempre está no mesmo lugar agora.”
Certamente, Anaxágoras, também  deveria construir seu debate  dentro  do contexto universal:
“De todos aqueles que consideramos felizes, não há um que o seja.”
“O homem é inteligente porque tem uma mão.”
É, quase sempre   nos tempos presentes se imagina que nas praças não se  sabe o que   tem acontecido nas alcovas, nem na mesa do  imperador, ou se imagina  que a outra parte possua alguma forma de  retardo mental,  não possuindo  inteligência capaz de raciocinar, acompanhada de percepção e  intuição. Hoje se mata e ainda se chora no velório, e quando não,  já fica de olho na viúva. As crianças nascem de olhos abertos. Ninguém usa as mãos para escrever a  virtude, mas  em regra no desejo de  omitir, de agir  de todos o vícios.
Pense  no uso das   suas  mãos, para ser  inteligente.
Pense.
ACADEMIA CRICIUMENSE DE FILOSOFIA – ACF.

[1] Ágora era a praça principal na constituição da pólis, a cidade grega da Antiguidade clássica. Normalmente era um espaço livre de edificações, onde as pessoas costumavam ir, configuradas pela presença de mercados e feiras livres em seus limites, assim como por edifícios de caráter público. Enquanto elemento de constituição do espaço urbano, a ágora manifesta-se como a expressão máxima da esfera pública na urbanística grega, sendo o espaço público por excelência. É nela que o cidadão grego convive com o outro para comprar coisas nas feiras, onde ocorrem as discussões políticas e os tribunais populares: é, portanto, o espaço da cidadania. Por este motivo, a ágora (assim como o pnyx, o espaço de realização das eclesias) era considerada um símbolo da democracia direta, e, em especial, da democracia ateniense, na qual todos os cidadãos tinham igual voz e direito a voto. A de Atenas, por este motivo, também é a mais conhecida de todas as ágoras nas pólis da antiguidade. Nas ágoras estavam presentes em maioria os aqueus, que se destacavam pela habilidade comercial e de mercado
[2] Abu al-Walid Muhammad Ibn Ahmad Ibn Munhammad Ibn Ruchd, em árabe (Córdoba, 1126 — Marraquexe, 1198) foi um filósofo, médico e polímata muçulmano andaluz conhecido pelo nome de Averróis, distorção latina do antropônimo árabe. Membro de uma família de juristas, estudou Medicina e Filosofia. É um dos maiores conhecedores e comentaristas de Aristóteles. Aliás, o próprio Aristóteles foi redescoberto na Europa graças aos árabes e os comentários de Averróis muito contribuíram para a recepção do pensamento aristotélico. Averróis também se ocupou com astronomia e direito canônico muçulmano. Sua filosofia é um misto de aristotelismo com algumas nuanças platônicas. A influência aristotélica se revela em sua idéia da existência do mundo de modo independente de Deus (ambos são co-eternos) e de que também não existe providência divina. Já seu platonismo aparece em sua concepção de que a inteligência, fora dos seres, existe como unidade impessoal.
[3] Péricles (cercado por glória"; c. 495/492 a.C. - 429 a.C.) foi um célebre e influente estadista, orador e estratego (general) da Grécia Antiga, um dos principais líderes democráticos de Atenas e a maior personalidade política do século V a.C. Viveu durante a Era de Ouro de Atenas - mais especificamente, durante o período entre as guerras Persas e Peloponésica. Descendia, pela linhagem de sua mãe, dos Alcmeônidas, uma influente e poderosa família.
[4] Em 430 a.C. o exército espartano atacou a Ática, porém Péricles manteve sua estratégia inicial de evitar o confronto direto com o exército espartano. Buscando o combate onde Atenas era superior, no mar, liderou uma expedição naval para saquear a costa peloponésica, obrigando os espartanos a recuar.No verão daquele mesmo ano, uma epidemia devastou a população ateniense. Provocava dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, febre, calafrio e manchas vermelhas. A maioria acredita tratar-se do Tifo, transmitida pelo piolho. O pânico embruteceu os cidadãos. A fome grassou pelo rompimento das rotas comerciais naturais. Inconformados com a penúria provocada pela epidemia, desencadeou-se uma onda de revolta entre a população contra Péricles.
[5] A nobreza e a riqueza de sua família permitiram-lhe dar sequência a esta sua inclinação para a educação. Aprendeu música com os mestres de seu tempo (Dámon ou Pitóclides podem ter sido seus professores) e é considerado o primeiro político a atribuir grande importância à filosofia.[9] Apreciava a companhia dos filósofos Protágoras, Zenão de Eleia e Anaxágoras. Este último, em especial, tornou-se um grande amigo seu, e o influenciou enormemente. Sua maneira de pensar e seu carisma retórico podem ter sido em parte frutos da ênfase dada por Anaxágoras à calma emocional diante dos problemas, e de seu ceticismo a respeito dos fenômenos divinos, Sua célebre calma e auto-controle também são vistos como advindos desta influência do filósofo.

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