Na Mesa do Bar – À Sophia. Fala sobre o Julgar IV
Gilson Gomes
Advogado.
“Quem és tu que queres julgar, / com vista que só alcança um palmo, /
coisas que estão a mil milhas?”
Dante Alighieri
1 – O Contexto atual na Mesa de
Bar
Boa noite, amiga Sophia. Ela
gentilmente respondeu-me, com muita amabilidade, às questões mais importantes da vida, como a crnça, a fé, o ceticismo, o
dogmatismo, o subjetivismo, o pragmatismo, e o crticismo. Mas, ela não deixa de ser muito objetiva no
trato de tais assuntos, aliás, quando se
mexe com questões universais sempre é
complexo e complicado em razão da interpretação, e conceitos formulados de forma errônea . Ora, de tudo sabem os homens, mas segundo a
herança que trouxeram do passado, em muitos
casos deformados, sem conteúdo, e
vazio. Mas também amiga Sophia, esses homens ao entrar na administração da polis, com raras
exceções, fazem do erário uma ação entre
amigos. Isso é lamentável. Porém, nenhum homem de bem deixa de acreditar no homem.
Olha, Sophia, a surpresa é grande, com alguns candidatos
que tiveram sua candidatura indeferida com base na lei de iniciativa popular,
cognominada de ficha limpa. Eles dizem no maior
descaramento, que ser pego pela lei, pela infração cometida e condenada antes da publicação da
lei. Eles não sabem, Sophia, que a lei
não está punindo nenhum deles, a
lei é condicional à exigência à ética, e
não tem por foco e nem o objeto
condenatório. São exigências para quem pode ou não pode participar do certame,
é como no caso do j jogador futebol,
aquele atleta que sofreu a punição de cartão vermelho, está automaticamente
fora do próximo jogo, mesmo que seja uma final de Copa do Mundo.
Sophia, a cerveja gelada, mais os
petiscos estão gostosos, e nossa conversa muito produtiva.
Então, vamos seguir em frente.
Ela fez sinal com a cabeça dizendo
que sim.
O
pior nisso tudo é legalizar a velhacaria.
Interrompeu-me, e perguntou:
- Como assim.
Pois, como se sabe, aqui é usual, o
cidadão dá em pagamento de uma dívida originada da compra de um imóvel, depois,
ficar jogando com a barriga, não pagar, pasar muito tempos fazendo promessas de
pagamento, e no final das contas, o devedor ter de indenizar por dano moral o
velhaco, e depois ingressar na Justiça com
uma ação apropriada para fazer a cobrança pelo enriquecimento sem causa, dito
ilícito, e o Juiz disse que o cheque estava prescrito. Segundo o ensinamento de
Sócrates, é bom, justo e necessário. Na
verdade não é, nem há como justificar.
Sophia, pergunto:
- A senhora sabe Justificar filosoficamente.
E ela disse sem pestanejar:
- Claro que sim. Oportunamente falarei sobre isso.
Mas, não posso crer, que um rapaz
ceguinho pediu o pagamento de uma verba,
que se tratava de um reflexo pelo fato
de terem reajustado os seus ganhos financeiros, no caso o principal da dívida,
e não o acessório. Eles escreveram numa lei que iriam tratar todos com
igualdade. Só aqui no Brasil, lei é para
o inglês ver. Eles não cumprem, porque aqui Montesquieu não chegou com seu - espírito da lei. Não há respeito as premissas
e axiomas estabelecidos ao longo dos séculos, aqui é assim, só funciona o
princípio do mais forte, conhecido por interesse e conveniência. O mais grave
nisso tudo, é o direito estava escrito na lei,
e por metamorfose não existe, mesmo sendo os políticos que fizeram a
tramoia, sem consultar a parte interessada. O poder nasce do povo, e em seu nome deve ser exercido.
Pois na prática não funciona assim, já que o enunciado é, o poder nasce do
dinheiro do contribuinte e em nome dos corruptos é exercido.
Sophia, ainda arrematou num cinismo e hipocrisia sem precedentes, sem o
menor pudor ao deixar claro que:
- Nenhum juiz olha um deficiente com discriminação, que
tudo que escrevera era digno de uma canonização, e o poder público cumprira a
lei. Ora Sócrates, os Atenienses o
condenaram a beber cicuta, cuja culpa fora fazer o povo refletir, mas você Sócrates não quis corromper o guarda
da prisão, preferido a morte. Então, como não existir o preconceito e a
discriminação. Atenas não reconheceu o mérito de Homero que era cego? Não. Aqui
não é assim. Os iguais não são iguais, os iguais são os privilegiados, e para
privilegiados não há direito, já que o direito é geral e não privilégios. A
exclusão é uma nódoa na sociedade. Tais homens escrevem isso porque se imaginam
proprietários da verdade, como se a verdade não fosse relativa. A verdade é aquilo que é. O fato
dentro do pensamento, e por efeito, o conhecimento.
Minha cara Sophia, não me surpreende
tais asnices escritas por homens tão bem remunerados, em regra estudaram sua concepção doutrinária por
correspondência na escola de Uganda, quiçá, lá não havia discriminação e nem
preconceito, já que seu Presidente
colocava as mulheres para servir de
alimento aos crocodilos. Ele achava muito divertido. Eu não, pois estou fora. O trauma da discriminação só
sabe a sua potência aquele que fora
vitima dela, não o prefeito, nem o juiz da cidade, porque estes deficientes
sabem a amargura dos caminhos, e aqeles desfrutam as benesses e a vaidade
ofertada pelo suposto poder, que sendo sabe, imagina-se divino.
Assim, Sophia, não se pode fazer em função da ausência do ser com a deturpação
do conceito de humanidade.
E Sophia, começou a argumentar sobre as causas de condutas
com este perfil. E para não confundir a cabeça a fez com
enorme prudência:
- Os homens praticam determinadas
condutas, mesmo com grande erudição, não possuem o principal, o conceito,
tampouco a ideia, já que essas condutas são rejeitadas pela sociedade. Pois nesse
caso, pode se verificar um conflito entre a razão e o ser. O conflito se
origina de do fato desse homem se
encontrar preso ao primado da matéria, à
terra, enquanto, a premissa do logos é a inteligência, a ideia. O logos é a essência do ato de ver, do julgar e do agir.
2 – Sophia e o Dogmatismo.
“Filosofia é entendimento e não dogma.”
Daniel Muzitano
Então, Sophia, quer dizer que na
prática eles agen dentro do dogmatismo[1],
ceticismo, pergunto:
- Certamente, em primeiro lugar, é preciso simplificar o conceito de dogmatismo. E, em essência o
dogmatismo, o objeto se apresenta tal como na realidade, como não há perdas na
relação entre o sujjeito e o objeto. Como se pode observar no ato de apreciar a
relação entre os homens, sendo a concepção aplicada na maioria dos nossos casos,
não se reconhece a perda entre o sujeito e o sujeito e o objeto, sendo assim o
mais fragilizado cucumbirá no litígio. Pelo fato da realidade ser sempre uma
questão de interesse, se não perda como conceito de valor, como julgar
procedente o fato que não existe, ou
morrerá. Aqui não importa a boa intenção, mesmo porquê de boa intenção o
inferno está com a lotação completada, é preciso encontrar uma nova vaga.
3 – Sophia e o Cético.
A voz de Deus nos diz constantemente: uma falsa ciência faz um homem ateu,
mas uma verdadeira ciência leva o homem a Deus.
Voltaire
Mas os céticos[2], onde
fica, indaga, e Sophia, também explica:
-
O ceticismo é extremado, pois nega qualquer possibilidade de
conhecimento. O ceticismo diverge radicalmente do dogmatismo, entendendo que o
objjeto está perdido para sempre para o
sujeito. Na prática isso quer dizer segundo Sophia, e em regra dizem assim:
- Você não tem direito,
- Não é bem assim, o contrário é um
ser bom, uma pessoa reta, e você é o errado. Mas segundo Sophia, fala assim,
pelo fato de ter ajustado o preço pela
razão. Por isso quem julga sente, não pensa, só sente, então nasce a sentença.
Cada cabeça possui uma, certamente,
diferente.
E segue a ladainha:
- Procura um recurso, mas o recurso é
um parto, não de ideias com ferro, há tanta condição, que é melhor deixar de
fazer. Inclusive, nos tempos da rede mundial de computador, onde todos os
arquivos se contram nas nuvens, eles exigem a fonte. A fonte, afirma Sophia, é
as nuvens. Procure nas nuvens. Pois todo direito esta no – se -, se existir a
lei, se estiver nos termos da lei. Como
a lei não pensa e nem existe, os homens não escrevem, porque não desejam
dar asas ao homem.
Não há duvida, que o ceticismo nos
nega qualquer forma de conhecimento, até os nossos direitos e obrigações, sim,
pois se não existe o direito não há como pensar na obrigação, já que uma se contrapõe a outra.
Não é assim.
4 – Sophia e o Subjetivismo.
“Sendo a normalidade um conceito meramente subjetivo, entendo que sou
apenas mais um peixe no oceano de anomalias sociais.”
O Ilusionista
No entanto Sophia, ainda nos leva ao
subjetivismo[3]
pelo fato de se tratar de uma
formulação nascida no inicio da Idade Média, por Agostinho de Hipona, mas que Protágaroa
dissera que o homem é medida de si mesmo. Pois o subjetivismo se exime
de qualquer universalidade do conheimento, já que é individual. Assim se deduz
que o conhecimento é produto do homem e não da humanidade, o que também é mal
em si mesmo. Pois todo conhecimento é um bem de todos. Daí se observar a
sociedade egoísta que hoje temos que suporta, sendo que o individualismo serviu
para criar as bases do capitalismo, e mais tarde fazer com a burguesia fizesse
a revolução francesa, e também a revolução bolchevique na Rússia em 1917. O
pior do individualismo são os Estados
nazista e fascistas do meados do século XX, especialmente a Itália e a
Alemanha, e do General Franco, com o sue massacre Guernica, expresso na obra de
Pablo Picasso. O ego é o maio inimigo do eu, quando visto sob o ângulo da vaidade
absoluta, e do culto a personalidade, como existem alguns populistas ainda
presentes no nosso meio.
Mas Sophia acrescenta que:
- O subjetivismo é agregador de
valor, quando visto no sentido de proteger a dignidade da pessoa humana, na sua
relação entre o sujeito e o universo,
pode ser Deus, cujo objeto é a
privacidade, o afeto, respeiti ao conhecimento, preservar a vida, respeitar a
adversidade de cada m, dar a cada o que é seu, enfim, o subjetivo como ser individual, merecedor de ser acolhido num teto,
na escola, no hospital, enfim até, nos céus, esse ser subjetivo merece louvor.
Pois aí sim, é a medida de si mesmo.
5 – Sophia e o Pragmatismo.
“Sempre considerei as ações dos homens como as melhores intérpretes dos
seus pensamentos.”
John Locke
Daí Sophia, teremos de ingressar no pragmatismo[4],
mas afinal o que se trata, pois então, Sophia nos dá mais uma lição:
- o pragmatismo entende que o
intelecto humano não foi feito para o pensamento teórico. Este é apenas um adorno, o intelecto foi
preparado para ação, permitindo ao homem viver no mundo. No pragmatismo só
interessa a utilidade do que é pensado. Como se pode observar no pragmatismo
existe a questão do útil, e da necessidade, assim tem funcionado a economia
atual, dentro do primado da utilidade daquilo que for pensado, se a ideia não
tiver valor pecuniário, e a ela não agregar valor conevertido em lucro, valor
de mercado, não interessa o pensamento, nem
o teorema de Pitágoras. Pois tudo é corresponde a ação, está expresso em
números, a produção é em série, a família é nuclear, é útil ser só, mas pode
não connvir. Porém se interessar ao mercado, interessa ao homem. O pragmatismo
é exatamente isso, todas as coisas está
relacionadas com o fluxo de caixa e as receitas e despesas correntes. O pragmatismo não mexe em
questão estrutural, mas somente aquilo que for útil para a operacionalidade dos
meios para chegar ao fim. Então, o nosso mundo é pragmático, Sophia:
- De certa forma sim, mas nem todas
as áreas, mas isso fica mais evidente nas relações de mercado, e quando
desemboca numa crise, que aí exige medidas de cunho pragmático. Mas, é bom ficar claro, que pode ser que o
homem não tenha noção disso na sua vida. O pragmatismo interessa aos meios de
produção.
6 – Sophia e o Criticismo.
“Todo o conhecimento humano começou com intuições, passou daí aos
conceitos e terminou com ideias.”
Immanuel Kant
E agora, vamos chegar no criticismo, ou ainda há mais por fazer. Sophia
pensa, e diz, claro que sim, afinal todo homem precisa possuir senso critico[5], não é.
Então vamos ver o que é isso:
-
Na verdade, o criticismo promove
a síntese entre o dogmatismo e o ceticismo, No criticismo entende que pode conhecer o mundo. Pois no criticismo
só pode conhecer algo que é
universalmente válido para os
humanos, o fenômeno. Aí reside uma
questão pontual necessária para o desenvolvimento do homem, que a formação do
senso critico, sem isso não como aprimorar o conhecimento. Ser cético demais, e
dogmático ao extremo não agrega nada no conhecimento, mas ser critico, e saber
pela prudência o que universalmente valido para os humanos, parece ser
razoável. Evidente que não existe verdade absoluta, e tal premissa que leva a
sociedade a alcançar o desenvolvimento humano aceitável. A critica é essencial
no processo educativo, não bastar ter homens eruditos, mas também homens críticos. Não há solução cem por cento, mas há solução razoável na vida. Capaz de
corresponder as exigências dos desafios no tempo presente.
7 – Sophia faz sua Conclusão.
“Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas.”
Voltaire
Pois amiga Sophia, já está no
amanhecer de um novo dia, a conversa está boa. A verdade é que dialogar com sua
pessoa é bom, faz bem ao espírito, além de ser prazeiroso, até parece que a
gente está na Ágora, de Péricles, mas
nos dois estamos na ágora da mesa de bar. Pois o melhor prazer é falar da vida
alheia, especialmente, quando a alheia é
a filosofia, comm jogadas de efeitos, assim, a gente se despede com a seguinte
conclusão: cheia de tempero e bom gosto:
- O homem é o sujeito da sua
história, sendo o autor e o ator, já que
todos os atos e fatos são construções e busca do infinito, no caso é a vida
melhor e mais realização.
Pois que a prática de cada homem seja
forjada na virtude, e a legalização da velharia seja um ato desonesto, e eliminada do dicionário da
sociedade civilizada.
Mas, a discriminação e o preconceito
contra a pessoa diferente seja reconhecido como
deformação cultural, já que no contexto atual a lei não existe como
regra e principio de conduta. Não basta a lei incriminar um ato ou fato, é
preciso que haja a sanção cultural
imposta pelo hábito na sociedade. Pois a lei só é cumprida no momento que a
sociedade a tem como como estimulo
condicionado do seu comportamento, e a
aplica como se fosse ato reflexivo e
condicionado no seu espírito.
Pois todo homem pode se transformar
no melhor ser do mundo, desde que, sua vida seja pautada pela virtude, e pelo bem comum. Não adianta dizer senhor, senhor, se tiver
débito como o irmão, porque nem todo aquele que diz: - senhor, senhor entrar no
reino dos céus, mas sim, o que faz a
vontade do pai . O ensinamento de Jesus de Nazaré se encontra
relacionado entre a congruência entre teoria e prática, já que a doxa e
episteme precisam estar em estado de coerência, bem como, o sujeito e o objeto, há que existir um pouco
de metafísico ou ontológico na relação.
Assim no dizer de Aristóteles o bem
está no meio, e não nos extremos, é preciso ter equilibri e coerência, daí se
empregar na plenitude o cocneito de Descartes, quando afirma que o direito é o
bom senso, já o pensar e o existir gera conhecimento.
Assim o direito da pessoa com
deficência, hoje consagrado no Brasil com direitos humanos, e com status de
emenda constitucional, é preciso ter consciência e
inteligência de que, não se pode
dizer que essas pessoas não são iguais a
qualquer trabalhador em atividade no
mercado público e privado, pois a pessoa
com deficiência se trata da exceção afirmativa dentro do principio
internacional e universal, que não admite ser reduzido a nada.
A legalização da velhacaria se trata
de uma deformação do comportamento no
Brasil, já que o Brasil legitima o vicio, e denega a virtude, não pela culpa
excluisvia de um homem, mas pela perversão do caráter de cada ser humano,
coletivamente.
O vicio mina por baixo as bases das
instituições de uma nação. Com vicio não há pátria, e sem o espírito criador
e de olhar no cosmos, faz do homem o pior animal. Só animal, sem alma.
Isso é pouco para o homem. O homem precisa ser integral.
Pois todo homem que a sabedoria, e
por isso gosta de conversar com Sophia.
Sophia recomenda:
- O direito e a justiça são bens
universais, as leis são a sanção do
comportamento permitido ao homem, o bom senso é o caminho mais curto para se
chegar ao fim desejado. Não faça ao outro aquilo que não deseja a si mesmo.
Mas, se julgar, julgue com a razão e não com o seu umbigo.
Pois em regra, o julgamento se dá no
baixo ventre., também, por um grado generoso.
Pois depende dos ventos, e o julgamento pode ser favorável. Nunca conte com o
certo, sempre espere o poder do contrario,
especialmente, se for bem de situação dentro
do esquema de poder, mas não se esqueça do conselho do Imperador Marco
Aurélio:
“Pratica cada um dos teus atos
como se fosse o último da tua vida.”
Pense.
ACADEMIA CRICIUMENSE DE FILOSOFIA –
ACF.
[1] DOGMA
/DOGMATISMO - Em teologia o dogma designa o conjunto dos artigos da fé que por
definição (porque são da ordem da fé, apoiados na verdade revelada por um livro
sagrado: a Bíblia, o Corão...) são indiscutíveis. Por extensão, o dogmatismo
designa o facto de afirmar qualquer coisa sem a demonstrar (nalguns casos é
expressão de uma atitude negativa: a atitude de quem avança um certo número de
"verdades" sem admitir discussão -- de um modo autoritário e
peremptório).
Na conferência Potenciar a razão, Fernando
Savater distingue opinião de dogma. A
Inquisição é exemplo dos perigos de transformação de uma verdade em dogma (ler
o texto As fogueiras da Inquisição semeiam o terror). "a ciência é aberta
como sistema, porque é falível, por conseguinte, capaz de progredir" (O
conhecimento científico).
[2]
CEPTICISMO - O cepticismo afirma, não
que, tal como se diz por vezes, a verdade é inacessível, mas sim que não
podemos ter a certeza de a alcançar -- nega a capacidade da razão para
estabelecer verdades conclusivas. Filosofar deve então consistir na prática da
dúvida, em vista da suspensão da opinião. No 2º capítulo de As Perguntas da
Vida, Savater analisa as várias posições (e as objecções contra as mesmas)
sobre a verdade -- o cepticismo, o relativismo, os defensores da
"revelação".
[3]
SUBJECTIVO - 1. Sentido comum (por vezes
com conotação pejorativa): o que é respeitante ao sujeito, pessoal, de ordem
afectiva, arbitrário, parcial e relativo. 2. Na obra de Kant: aquilo que provém
das estruturas a priori do entendimento humano, contrariamente às "coisas
em si" (filosofia crítica); o que no sujeito depende da sensibilidade, em
oposição às exigências universais da razão (filosofia moral). 3. Em
epistemologia, opõe-se a objectivo.
[4] A
concepção do que constitui o pragmatismo varia para cada pensador, de modo a
não ser possível precisar completamente este pensamento de maneira unitária.
Para provar este fato, Peirce chegou a mudar o nome de sua doutrina para
pragmaticismo, a fim de diferenciá-la das distorções exercidas por outros
autores, e pelo alargamento conferido a ela por William James (1842-1910).
Todavia, para a maior parte de seus adeptos, o pragmatismo se apresenta a um só
tempo como um método científico e como uma teoria acerca da verdade. Esta é
concebida em sentido dinâmico. A verdade não diz respeito aos objetos, mas
antes às idéias, ou às formas de relação concretas que os homens têm com os
objetos. Deste modo, ela deve ser determinada mediante a consideração destas
relações. O pragmatismo desvia o olhar das substâncias primeiras, presentes no
pensamento dogmático, para considerar as conseqüências, os fatos produzidos por
determinadas interrelações. Assim, ele pretende acentuar o papel dinâmico da
consciência -- e esta compreendida como algo em constante mutação, a partir de
suas buscas, ensejos e satisfações -- na determinação da realidade.
[5]
Criticismo tem origem no alemão Kritizismus, representa em filosofia a posição
metodológica própria do kantismo. Caracteriza-se por considerar que a análise
crítica da possibilidade, da origem, do valor, das leis e dos limites do
conhecimento racional constituem-se no ponto de partida da reflexão filosófica.
Doutrina filosófica que tem como objeto o processo pelo qual se estrutura o
conhecimento. Estabelecida pelo filósofo alemão Immanuel Kant, a partir das
críticas ao empirismo e ao racionalismo.As teorias do conhecimento que se
desenvolveram na Antiguidade e na Idade Média não colocavam em dúvida a
possibilidade de conhecer a realidade tal qual ela é. Contudo as influências do
Renascimento levaram, a partir do século XVII, ao questionamento da
possibilidade do conhecimento, dando, nas respostas ensaiadas, origem às
teorias empiristas e racionalistas. Kant supera essa dicotomia, concluindo que
o conhecimento só é possível pela conjunção das suas fontes: a sensibilidade e
o entendimento. A sensibilidade dá a matéria e o entendimento as formas do
conhecimento. O criticismo kantiano tinha como objectivo principal a critica
das faculdades cognitivas do homem, no sentido de conhecermos os seus limites.
Em consequência dessa «critica», foi levado à negação da possibilidade de a
razão humana conhecer a essência das coisas (númeno).
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