O Político no Zoológico
Gilson Gomes
Advogado
Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza
do animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o leão não sabe se defender
das armadilhas e a raposa não sabe se defender da força bruta dos lobos.
Portanto é preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas e leão, para
aterrorizar os lobos. Maquiavel - (Nicolau Maquiavel (Niccolò Machiavelli), (03
de maio de 1469 - 21 de junho de 1527). Filósofo e político italiano - Florença).
1 – A natureza Política do Homem:
O homem é por
natureza animal social. Sempre convivera em grupos, mesmo porque precisa se
defender contra a suposta agressão dos demais homens, como dos animais
carnívoros, e se fosse caso não deixar nenhum prato pronto aos corvos.
Dizem que a serpente do Éden, esperta e sagaz, fizera uma armadilha contra a Eva, e depois
Eva por sua vez repassou a noticia alvissareira ao Adão, e Adão como tinha o – olho gordo -, logo quis provar do fruto
proibido, sendo passado pela mitologia
ou lenda, que o fruto era a maçã. Claro, que os antigos tinham na maçã
grandes propriedades medicinais, e diziam quanto mais perto da maçã, mais longe
do médico. Mas, nada disso, o fruto no caso, tratava-se do conhecimento. Então
a serpente foi política como sempre.
O Faraó do Egito
precisava de alguém que adivinhasse seus
sonhos, referente as sete vacas gordas
e as sete vacas magras. Como José do Egito era profundo conhecedor das
ciências ocultas, mesmo na prisão, deu a interpretação correta ao sonho do
monarca, que entregou a José, a condição
de chanceler do Baixo Egito, que logo tratou de suprir as reservas de trigo nos celeiros do Egito, a fim de
satisfazer as necessidades do povo
durante o período de escassez. O ato foi
de enorme qualidade política.
Outro ato de
repercussão política até hoje, refere-se o fato de Abrão ter
dispensado sua escrava Agar, depois de ter gerado um filho com ela, estando aí o conflito entre os descendentes
de Isaac, pai de Jacó e os descendentes de Ismael, criando uma
briga de mais de três mil anos entre Árabes e Judeus. Briga entre parentes.
Claro, que os
povos Cananitas e os de
Siquém, já habitavam naquela terras, desde quando Abraão
saiu de Harã, na Mesopotâmia, nas margens do Eufrates. Voltaire no, seu Dicionário Filosófico[1]
afirma ter o mesmo saído de uma terra seca e fora para outra
terra seca, de uma de idolatra para outra de idolatra. Mas, o que ocorreu fora
um ato de pura política, já que o pai de Abraão era oleiro e havia falecido,
então necessitava procurar outros fins que
justificassem os meios[2] à
subsistência.
O homem na sua
evolução necessita de se agregar ou se associar em grupos, tanto para a guerra
quanto para obter a paz. Nos seus vários períodos pré-históricos, até os
períodos registrados, dede a caverna até chegar a concepção do Estado
contemporâneo[3], a
unidade familiar restritiva como a nossa, e o fato de se conviver no edifício e
não se saber o nome dos vizinhos que
residem ao lado.
A natureza do homem
é se associar, mesmo que seja para constituir a família e perpetuar a espécie,
ele não pode ser uma ilha, cuja percepção já tivera Aristóteles concernente
a origem política do homem.
Nas sociedades
romanas e gregas, e nas sociedades do continente africano, igualmente todas
praticavam a necessidade da interação, tanto que o primeiro comercio exterior
praticado no Planeta, que se tem noticia fora a
troca de cidades por ouro, com Rei de Tiro[4],
pelo Rei Salomão, dizem que foi vinte toneladas de produtos ofertado pelo Rei de Tiro na
transação.
Alexandre, o
Grande, quando percebeu que poderia perder a batalha na Índia, pelo
fato de o exercito adversário utilizar elefantes resolveu se aliar ao
adversário para vencer a guerra.
Dizem também, que
havia pedido a morte de Aristóteles, seu preceptor, e Alexandre ao seguir para
batalha montou no seu bucéfalo e esqueceu de assinar a sentença, sendo por
isso que Alexandre ficara com o mérito de preservar a vida de uma das maiores
inteligências da humanidade, a quem devemos muito do que somos hoje.
Otávio estabeleceu
o adultério feminino como crime, e também o casamento, dando herança à mulher pelo fato de que Roma precisava de
soltados, e existia uma baixa considerável na taxa de natalidade e fertilidade
na cidade, tanto que isso é verdade que o mesmo exilou a própria filha, segundo
dizem por ter se envolvido com Ovídio.
A abolição da
escravatura no Brasil se deu porque a sociedade capitalista precisa criar
consumidores, a fim de adquirir os produtos adquiridos pelos teares ingleses.
O absolutismo surgiu porque os governos de França precisavam
demonstrar seu poder perante a vassalagem, preparando assim, no tempo futuro a
queda da Bastilha.
O regime Russo do
tempo do Czar, trazia o perfil de Pedro, o Grande, e Catarina, a Grande, fato
que o impediu de impedir, e negociar a revolução de 1917, compartilhado
o poder com os revolucionários, resultando a morte da família do Czar.
Os alemães
empobrecidos pela Guerra resolveram endeusar um populista e medíocre, colocando a culpa do fracasso econômico da Alemanha no
povo Judeu, e pelo voto, Hitler
transforma o Partido Nazista num único
partido, isso que o mesmo colocara os
Comunistas no campo de concentração. Dizem que era só os comunistas que gostam
de Partido único. Hitler não era Alemão,
e desejava anexar a Áustria ao
território Alemão.
É certo que nenhum político sério acreditava em Hitler, mas deu no que deu, mais de cinquenta milhões de mortos numa
guerra sangrenta.
O Governo
Brasileiro possuía ótima relação com o Governo Alemão, tanto que entrega Olga
aos Nazistas.
Não é preciso ser o
pai dos pobres na política, mas é preciso possuir um povo esclarecido e
politizado, tal premissa aborrece os detentores do poder. Criar um povo que
pensa, pode ser criar o
atalhos contra as tiranias dentro do zoológico,
ou no interior do reino.
Todos nós sabemos
que os políticos e a sua vassalagem não gostam de homens honestos,
especialmente, os que não deixam se
corromperem e nem serem corrompidos, porque homens assim, não
trazem lucro. Mas, apenas paz de espírito e
o prêmio da ser um homem justo. O que assistimos é um país onde
vigora um festival de canalhice. Sejam canalhas, e farão parte do
zoológico na companhia de gato e rato. Mas, o macaco aplaude.
Na verdade, hoje,
nós precisamos reconhecer que Maquiavel
tivera razão ao dizer - deve escolher a
raposa e o leão, pois o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não
sabe se defender da força bruta dos lobos.
2 - O Zoológico dos
Políticos:
“O homem é lobo do
homem, em guerra de todos contra todos. “Thomas Hobbes (1588 – 1679) foi um filósofo,
teórico político, e matemático inglês, famoso
por seus livros Leviatã (1651) e Do cidadão (1651).
As sociedade
organizadas, dentro do reino animal
podemos encontrar a das formigas, que
perambulam na superfície da terra; e do outro lado, a sociedade mais nobre como a das abelhas (deborah). Pois temos conhecimento que no reino das
abelhas há uma rainha, e o zangão
(macho) fenece ao fecundar a rainha. Claro
que no reino da política não é tão organizado assim, aliás, na prática existe alguns lobos vorazes,
esperando para o jantar faustoso, com pratos
financiados com o dinheiro público,
já que Juvenal[5] de forma muito sutil dissera assim - Quanto mais o
dinheiro aumenta, mais cresce a vontade de possuí-lo.
Assim em
política tudo pode ser igual ao
porco, que come e depois vira o gamelão,
tornando-se inimigos mortais, sim, por causa da conquista eleitoral, que muitas
vezes possui sua origem no caixa de muitos dígitos, sendo o resultado o mesmo,
mudando apenas as moscas, mas tudo fica como está, já que nada se transforma, sendo o erro
inaceitável, já que Voltaire dissera com muita propriedade - A política tem a sua fonte na perversidade e
não na grandeza do espírito humano.
A perversidade não
é novidade no reino animal, a diferença é que no reino animal não se mata o
animal da mesma espécie, e os políticos matam, porque em política se mata como
ao argumento de Voltaire - ontrou-se, em boa política, o segredo de fazer
morrer de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os outros.
O eleitor no reino
dos lobos serve apenas para sufragar, e garantir a eleição de corvos para
rapinar os cofres do erário como dissera Ronald Reagan, ao sentenciar - Eu
achava que a política era a segunda profissão mais antiga. Hoje vejo que ela se
parece muito com a primeira.
Sutilmente dissera
o que a política, efetivamente é.
Ninguém acredita na
mudança e na virtude dos políticos, é verdade que existem homens e mulheres de
bem, mas como dissera Neloson Rodrigues
- Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única
paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.
Certamente pode
existir um cão que goste de política, claro, que quando a cão gosta, especialmente se o osso for bom, não porque
insistem tanto nisso, é uma premissa
certa de que se não gosto, existe quem gosta, então outros farão as tiranias. Por isso Platão tem razão - Não há nada de
errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados
por aqueles gostam.
O que se percebe na
política é muita corrupção, e a morte
das ideias. Pois na política quem pode mais deve chorar menos, ninguém considera
o mérito do outro, somos apenas um voto., sendo uma luta para ver quem ficará com todo bolo, então Otto Bismarck, diz assim
- política não se faz com discursos, festas populares e canções; ela faz-se
apenas com sangue e ferro.
No reino animal
possui as aves de arribação, sendo assim é a política, hoje é uma coisa e
amanhã será outra, alguém conhece um político ser inimigo
a vida inteira de outro político, não se
conhece, então Magalhães Pinto advertiu - Política é como nuvem. Você olha e ela esta
de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.
Mas e daí, como
fica o reino, o reino animal é uma festa em ordem, muitos fazem pirotecnias,
outros dão o aperto de mão, e ainda existem os que dão aquela batidinha nas
costas, dizendo assim como dissera Platão -
O castigo dos bons que não fazem política é ser governados pelos maus.
Depois os abutres encontram a carniça, e aí voam para
bem longe, esquecendo-se das promessas e são
advertidos como Winston Churchill assim:
“A política é quase
tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode
ser morta uma vez, mas na política diversas vezes.”
Os animais fazem a
bela política, sendo assim contemplemos a revolução dos bichos, quiçá mais
justa que as nossas matanças sejam menos
cruéis, e não se faça da miséria o pedestal para o garbo dos novos imperadores
e aprendam com . Max Weber:
“Somente quem tem a
vocação da política terá certeza de não desmoronar quando o mundo, do seu ponto
de vista, for demasiado estúpido ou demasiado mesquinho para o que ele deseja
oferecer. Somente quem, frente a todas as dificuldades, pode dizer "Apesar
de tudo!" tem a vocação para a política.”
O nosso reino
precisa da virtude, mas onde está a virtude, mas nesse caso contradiz o nosso Stanislaw Ponte Preta, com essa - Política
tem esta desvantagem: de vez em quando o sujeito vai preso em nome da
liberdade.
A liberdade é um
bom é por certo há limites, e isso é um
ato complexo na arte da política, porém, todo político diz ser um observador do
direito e da justiça, mas aí fica uma grande incógnita quanto a sua aplicação,
já que dizem que pode ser justo e não ter interesse e nem ser conveniente à oligarquia do poder, como também ser justo
mas não ser legal, sendo assim , William Shakespeare ironiza - O diabo pode citar as Escrituras quando isso
lhe convém. Não pode acreditar nisso, mas a realidade é nossa melhor
testemunha.
O animal precisa ser provado nas adversidades, mas
todos em regra são trogloditas no momento em que seus interesses são contrariados,
o lobo político não pode ser diferente, então deve ser observado o que dissera Abraham Lincoln - Quase
todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova
o caráter de um homem, dê-lhe poder.
Na guerra entre
gato e rato parece existir - um vale
tudo -, quando se tem uma caneta azul na mão. O interessante é quando as
coisas podem dar erradas, aí se fica a mercê da desilusão,
não resta senão a ironia de Luis
Fernando Veríssimo - É "de esquerda" ser a favor do aborto e contra a
pena de morte, enquanto direitistas defendem o direito do feto à vida, porque é
sagrada, e o direito do Estado de matá-lo se ele der errado.
Não sabemos o
certo, entre o leão e a raposa, o que possa ser dar errado. O que todos
sabemos são as armadilhas e o desejo do leão por carne. O lobo sempre fora
matreiro, o cavalo anda em marcha ou galope, camelo conhece o deserto, o papagaio só repete velhos jargões, o pavão
só vive de asas abertas, sempre misterioso, o gambá garante a cachaça, e a
jararaca só espera o momento de jogar seu ardil, e a aranha viúva negra quase
sempre aprece com seu veneno em teia, os peixes só observam e nadam nos rios e
mares. É. Ainda será como antes, até parece a arca de
Noé. Todos desejam a arca, mas quando acaba a eleição, só ficara Noé, e aí como fica a terra? Somente com o
porco, o gato e o rato?
O político pensa em
duas coias, o valor da propina, e o número de votos na próxima eleição no seu
curral, em regra está ajustado com o seu
cofre. Jamais pensa no povo, já que a miséria só serve para ter de ficar no ridículo.
Político não se mistura.
3 – Conclusão:
Não sei o que
acontecerá se todos os bichos são candidatos à realeza. Dizem que o cavalo é
garboso, mas o tigre é orgulhoso, e onde fica o macaco nessa área, já que o macaco não une o dedo indicador e o polegar.
Os políticos
deveriam ter consciência de algumas
premissas:
- Aqueles que
concordam com uma opinião chamam-lhe opinião; mas os que discordam chamam-lhe
heresia.[6]
- A fingida
caridade do rico não passa, da sua parte de mais um luxo; ele alimenta os
pobres como cães e cavalos.
- O primeiro
raciocínio do homem é de natureza sensitiva...: os nossos primeiros mestres de
filosofia são os nossos pés, as nossas mãos, os nossos olhos.[7]
- Sou escravo pelos
meus vícios e livre pelos meus remorsos.[8]
- Em Roma, / tudo se compra.[9]
- A única nobreza é
a virtude.[10]
- A reputação e o
crédito dependem apenas / da riqueza que se guarda no cofre.[11]
- A injustiça que
se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos.[12]
- É preciso saber o
valor do dinheiro: os pródigos não o sabem e os avaros ainda menos.[13]
Mas e aí a política
termina assim no dizer de Skinner:
"Os homens
agem sobre o mundo, modificando-no e são, por sua vez modificados pelas
consequencias de sua ação."
Desta forma, todos
os dias vemos o jardim zoológico mais
completo, sempre satisfazendo aquilo que
convém à carne, e não à alma, coisas do nosso colonialismo.
Dissera Kant que
educar é ensinar a pensar, mas, só faz
filosofia aquele que pensa livre. Não é
um plagio da revolução dos bichos, mas quem sabe os bichos nos ensinam a viver melhor.
O político precisa
gerir a polis e construir cidadãos e cidadãs com bom caráter, pelo bom exemplo,
mas fica difícil.
Pense.
ACADEMIA
CRICIUMENSE DE FILOSOFIA – ACF.
[1] Voltaire,
Dicionário Filosófico: - Abraão é um
desses nomes célebres na Ásia Menor e na Arábia, como Tot entre os egípcios, o
primeiro Zoroastro na Pérsia, Hércules na Grécia, Orfeu na Trácia, Odin nas
nações setentrionais e tantos outros mais conhecidos por sua celebridade do que
por uma história bem comprovada. Não falo aqui senão da história profana, pois
quanto à dos judeus, nossos mestres e nossos inimigos, em quem cremos e que
detestamos, tendo sido a história desse povo visivelmente escrita pelo próprio
Espírito Santo, temos por ela os sentimentos que devemos ter. Dirijo-me apenas
aos árabes; que se gabam de descender de Abraão por Ismael; que acreditam ter
sido esse patriarca o fundador de Meca, onde teria morrido. O fato é que a raça
de Ismael foi infinitamente mais favorecida por Deus do que a raça de Jacó. Uma
e outra, é verdade, produziram ladrões. Mas os ladrões árabes foram
incomparavelmente superiores aos ladrões judaicos. Os descendentes de Jacó não
conquistaram mais que uma faixa de terra insignificante, que perderam. Os
descendentes de Ismael avassalaram parte da Ásia, parte da África e parte da
Europa, edificaram um império mais vasto que o império dos romanos e enxotaram
os judeus de suas cavernas – que estes chamavam terra da promissão. Bem difícil
seria, à luz da história moderna, ter sido Abraão pai de duas nações tão
diferentes. Dizem que nasceu na Caldéia, filho de pobre oleiro que ganhava a
vida fazendo pequenos ídolos de barro. É pouco verossímil que esse filho de
oleiro se haja abalançado a ir fundar Meca a trezentas léguas de distância, de
baixo do trópico, tendo de vingar desertos intransitáveis. Se foi um
conquistador, certamente ter-se-á dirigido ao belo pais da Assíria. Se, como o
despintam, não passou de um pobre diabo, então não terá fundado reinos senão na
própria terra Reza o Gênesis que tinha
Abraão setenta e cinco anos ao emigrar do país de Harã, após a morte de seu pai
Tareu o oleiro. O mesmo Gênesis, porém, diz que Tareu, tendo gerado Abraão aos
setenta anos, viveu até a idade de duzentos e cinco anos, e que Abraão só saiu
de Harã depois da morte do pai. Portanto é claro, segundo o próprio Gênesis,
que Abraão contava cento e trinta e cinco anos quando deixou a Mesopotâmia.
Saiu de um pais idólatra para outro país idólatra: Siquêm, na Palestina. Por
que? Por que deixou as férteis margens do Eufrates por terras tão remotas,
estéreis e pedregosas? A língua caldaica devia ser muito diferente da língua de
Siquêm. Não se tratava de lugar de comércio. Siquêm dista da Caldéia mais de
cem léguas. É preciso transpor desertos para lá chegar. Mas Deus queria que
Abraão realizasse essa viagem. Queria mostrar-lhe a terra que séculos depois
haviam de habitar seus pósteros. Custa ao espírito humano compreender os
motivos de tal peregrinação. Mal arriba ao montanhoso rincão de Siquêm,
obriga-o a fome a abandoná-lo. Vai para o Egito em companhia de sua mulher, à
procura de com que viver. Duzentas léguas medeiam de Siquêm e Menfis. Será
natural ir buscar trigo tão longe? Num país de que nem se sabe a língua?
Estranhas viagens empreendidas à idade de quase cento e quarenta anos.
Traz a Menfis sua mulher Sara. Sara era extremamente jovem em comparação com ele, pois não contava mais que sessenta e cinco anos. Como fosse muito bonita, Abraão resolveu tirar proveito de sua beleza. “Façamos de conta que você é minha irmã,” – disse-lhe – “a fim de que me acolham com benevolência”. “Façamos de conta que é minha filha” – devia dizer. O rei enamora-se da jovem Sara e presenteia o pretenso irmão com muitas ovelhas, bois, burros, mulas, camelos e servos. O que prova – que já então era o Egito um reino poderoso e civilizado – por conseguinte antigo – e que se recompensavam magnificamente os irmãos que vinham oferecer as irmãs aos reis de Menfis.
Tinha a jovem Sara noventa anos, segundo a Escritura, quando Deus lhe prometeu que Abraão, que então tinha cento e sessenta, lhe daria um filho. Abraão, que gostava de vigiar, tomou o caminho do hórrido deserto de Cades, acompanhado da mulher grávida, sempre jovem e bonita. Como acontecera com o rei egípcio, enamorou-se também de Sara um rei do deserto – O pai dos crentes pregou a mesma mentira que no Egito: fez passar a esposa por irmã. O que mais uma vez lhe valeu ovelhas, bois e servos. Pode-se dizer que, graças a sua mulher, Abraão se tornou riquíssimo. Os comentaristas escreveram um número prodigioso de volumes para justificar o procedimento de Abraão e conciliar a cronologia. Cumpre-me, pois, a eles remeter o leitor. São todos espíritos finos e sutis, excelentes metafísicos, senhores sem preconceito e profundamente avessos à pedanteria.
Traz a Menfis sua mulher Sara. Sara era extremamente jovem em comparação com ele, pois não contava mais que sessenta e cinco anos. Como fosse muito bonita, Abraão resolveu tirar proveito de sua beleza. “Façamos de conta que você é minha irmã,” – disse-lhe – “a fim de que me acolham com benevolência”. “Façamos de conta que é minha filha” – devia dizer. O rei enamora-se da jovem Sara e presenteia o pretenso irmão com muitas ovelhas, bois, burros, mulas, camelos e servos. O que prova – que já então era o Egito um reino poderoso e civilizado – por conseguinte antigo – e que se recompensavam magnificamente os irmãos que vinham oferecer as irmãs aos reis de Menfis.
Tinha a jovem Sara noventa anos, segundo a Escritura, quando Deus lhe prometeu que Abraão, que então tinha cento e sessenta, lhe daria um filho. Abraão, que gostava de vigiar, tomou o caminho do hórrido deserto de Cades, acompanhado da mulher grávida, sempre jovem e bonita. Como acontecera com o rei egípcio, enamorou-se também de Sara um rei do deserto – O pai dos crentes pregou a mesma mentira que no Egito: fez passar a esposa por irmã. O que mais uma vez lhe valeu ovelhas, bois e servos. Pode-se dizer que, graças a sua mulher, Abraão se tornou riquíssimo. Os comentaristas escreveram um número prodigioso de volumes para justificar o procedimento de Abraão e conciliar a cronologia. Cumpre-me, pois, a eles remeter o leitor. São todos espíritos finos e sutis, excelentes metafísicos, senhores sem preconceito e profundamente avessos à pedanteria.
[3] Estado Civil, Barao de Montesquieu - Num Estado, isto é,
numa sociedade onde há leis, a liberdade só pode consistir em poder fazer-se o
que se deve querer e em não estar obrigado a fazer o que não se deve querer.
[4] Hirão
foi rei de Tiro no período de David e Salomão, segundo relatos bíblicos de II
Samuel 5:11. Quando David foi constituído rei de Israel, na idade de trinta e
um anos, Hirão enviou mensageiros com madeira de cedro, carpinteiros e
pedreiros que edificaram a Davi uma casa. Já no período do reinado de Salomão,
Hirão manteve boas relações comerciais com Israel, e, em acordo comercial com
Salomão, recebeu várias cidades em troca da provisão de ouro e pela madeira de
cedro e cipreste que serviu para a construção do Templo de Salomão. As vinte
cidades que Salomão deu a Hirão não o agradaram. Por esta razão, interpelou a
Salomão: Que cidade são estas que me deste, irmão meu?[1] A forma como Hirão
interpelou Salomão reflete o significado do seu nome e o tipo de relação que
mantinham esses dois personagens bíblicos. "Hirão é a forma abreviada de Airão,
“irmão dum poderoso”". As cidades, por serem arenosas e improdutivas, foram
denominadas Terra de Cabul. A terra, após
vinte anos, foi restituída a Salomão e reconstruída para os israelitas. Wiersbe
escreve que Salomão já possuía 3400 toneladas de ouro antes de começar a
construir o templo, e considera uma surpresa
tal empréstimo de 120 talentos (4 toneladas e meia) de ouro, e oferece a
explicação: “todo o ouro, prata e materiais para o templo inventariados em I
Crônicas 22:28 - 29 eram consagrados ao Senhor, de modo que não poderiam ser
usados para qualquer outra construção. Isso significa que Salomão precisou de
ouro para a construção do “palácio”, talvez para os escudos de ouro, de modo
que tomou emprestado de Hirão, dando-lhe vinte cidades como garantia. Essas
cidades ficavam em localização conveniente, na fronteira da Fenícia com a
Galiléia.” As escrituras também se referem a outro Hirão, mais precisamente
Hirão-Abi, um sábio artífice, filho de uma judia, da tribo de Naftali, com um
homem de Tiro. No mesmo período da construção do Templo, Salomão mandou
mensagem para trazer Hirão-Abi para fazer toda a obra de cobre, e para ser artífice
nas obras do templo. Ellen G. White,
escreveu a respeito desse artífice, referindo-se à utilização de um apóstata na
construção do templo: O rei fenício
respondeu mandando Hirão-Abi, "um homem hábil, de entendimento, . . .
filho de uma mulher das filhas de Dã, e cujo pai foi homem de Tiro." 2
Crônicas 2:13 e 14. Este mestre entre os artífices, Hirão-Abi, era descendente,
pelo lado de sua mãe, de Aoliabe, a quem, centenas de anos antes, Deus dotara
de sabedoria especial para a construção do tabernáculo. Assim, à frente do
grupo de artífices de Salomão, foi colocado um homem não santificado, que
exigiu vultosa remuneração por sua habilidade fora do comum. Os esforços de
Hirão-Abi não foram motivados pelo desejo de prestar a Deus seus melhores
serviços. (...).
[6]
Thomas Hobbes (1588 – 1679) foi um filósofo, teórico político, e matemático
inglês, famoso por seus livros Leviatã (1651) e Do cidadão (1651).
[7]
Jean-Jacques Rousseau, (28 de Junho de 1712, Genebra - 2 de Julho de 1778,
Ermenonville, perto de Paris). Escritor e filósofo suiço.
[8]
Jean-Jacques Rousseau, (28 de Junho de 1712, Genebra - 2 de Julho de 1778,
Ermenonville, perto de Paris). Escritor e filósofo suiço.
[12]
Escritor e filósofo francês, Montesquieu escreveu livros que influenciam até
hoje a ciência política. É conhecido principalmente por sua teoria da separação
dos poderes
[13]
Escritor e filósofo francês, Montesquieu escreveu livros que influenciam até
hoje a ciência política. É conhecido principalmente por sua teoria da separação
dos poderes
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