NA POESIA E NO AMOR É NECESSÁRIO O SAMBA DA BENÇÃO.





LXXIII

Na quarta-feira, pode-se escrever versos tanto os de Pablo Neruda quanto os de Fernando Pessoa, são dois expoentes da poesia nos dois continentes. Pois saber interpretar as figuras de linguagem simbolizadas pelo poeta são portas dos mistérios daquilo que estiver oculto, pois ninguém melhor a poesia contesta a “alienação mental” (aquele que está fora do conhecimento e da realidade), porque o fato de estar alienado interessa à manutenção do “status” da classe dominante e os senhores dos meios de produção. Pois a classe dominante jamais teve interesse em adestrar o homem para conquistar postos superiores nos meios de produção, pelo simples fato, o conhecimento de todas as matrizes, quando estiver em estado de opressão e repressão fará cair a ficha e entrar no mundo real. Não se pode confundir que o real não é virtual, o real é virtual, pelo fato de que no lado de lá da tela existe um ser. Logo a poesia, a música, e teatro e cinema no fundo desejam  restabelecer os laços  de ligação entre o homem  e os sentidos, e a intuição, pela via da reflexão, e da observação, pelo caminho medita e chega ao universal, pela universalidade  se une ao  cosmos, que no fundo é Deus, então Lei Pablo Neruda e Fernando Pessoa, e depois diga-me todo e não esconda  nda do que viu:
Soneto XXII

Quantas vezes, amor, te amei sem ver-te e talvez 
sem lembrança,
sem reconhecer teu olhar, sem fitar-te, centaura,
em regiões contrárias, num meio-dia queimante:
era só o aroma dos cereais que amo.

Talvez te vi, te supus ao passar levantando uma taça
em Angola, à luz da lua de junho,
ou eras tu a cintura daquela guitarra
que toquei nas trevas e ressoou como o mar desmedido.

Te amei sem que eu o soubesse, e busquei tua memória.
Nas casas vazias entrei com lanterna a roubar teu retrato.
Mas eu já não sabia como eras. De repente

enquanto ias comigo te toquei e se deteve minha vida:
diante de meus olhos estavas, regendo-me, e reinas.
Como fogueira nos bosques o fogo é teu reino.

Eis aí o poema:
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar, 
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe

Porque lhe estou a falar...


Logo nenhum étimo precisa dizer, já o disse todas as coisas sobre o amor na poesia dos formidáveis Pablo Neruda e Fernando Pessoa, porque se seguir a doutrina do coração reconhecerá as luzes para o conhecimento que nascem da poesia
Reflita, dizer eu digo, mas não escuta e nem ouve minha voz cheia de afeição e carinho. Olha é a cegueira descrita por Saramago.






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