O DIA MUNNDIAL DO POBRE, É NECESSÁRIO O DESAPEGO DA MATÉRIA, LIBERTAR-SE DO EGOÍSMO, SAIR DA SALA DA IGNORÂNCIA, E TER A POBREZA COMO FILOSOFIA DA EXISTÊNCIA, OBTIDA PELO SOPRO DA VDA, E PRATICAR BOAS OBRAS.
Palavra chave – pobreza, filosofia, e amor
O cotidiano Brasileiro não consegue sair do estigma da colonização
imposta pelas Entradas e as Bandeiras, verifica-se comportamentos cheios de vícios
e ranços coloniais em que com a expulsão dos Jesuítas do Brasil foi
estabelecido o maior hiato na educação implantada no País, cujo a causa desencadeada pela Região das Missões, lá
próxima à fronteira com a Argentina, nas terras dos nativos chefiados por Sepé Tiaraju (Redução de São
Luís Gonzaga, circa 1723 — São Gabriel, 7 de fevereiro de 1756) foi um
guerreiro indígena brasileiro, considerado santo popular e declarado
"herói guarani missioneiro rio-grandense" por lei. Chefe indígena dos
Sete Povos das Missões, liderou uma rebelião contra o Tratado de Madri.
O Governo é colisão e não de coalisão, pelo fato de que o Governo
esta a serviço da classe dominante e não dos miseráveis, existindo centenas de
milhares de cidadãos que se calam as reformas propostas pelo Governo ao
Congresso Nacional cooptado e que faz
permuta dentro das suas conveniências e interesses cartorários privados que
transformam o serviço que é público, a fisiologia crônica desde Floriano, com o
estabelecimento da politica do café com
leite que vigorou até a Revolução de 1930, com a instalação do Governo
Provisório por Getúlio Vargas.
No dia de hoje, foi
veiculada pela Rádio Vaticano a mensagem de Sua Santidade o Papa Francisco,
onde é instituído o DIA MUNDIAL DA
POBREZA, que
deve transformar em substancia e potência a vergonhosa ideologia do interesse e
da conveniência, que o hábito injusto, imoral, é pecado social que se comete em nome da corrupção.
Pois ninguém dá aquilo
que não possui, e para possuir o bem e necessário ser, e o ser está no campo da filosofia, veja o diz o Papa Francisco:
“oi publicada nesta
terça-feira (13/06) a Mensagem do Papa Francisco para o I Dia Mundial dos
Pobres, a ter lugar no 33° Domingo do Tempo Comum, dia 19 de novembro de 2017,
sob o tema: “Não amemos com palavras, mas com obras”. Já a seguir o texto
integral:
MENSAGEM DO SANTO PADRE
PARA O I DIA MUNDIAL DOS POBRES
(XXXIII Domingo do Tempo Comum – 19 de
novembro de 2017)
Tema: «Não amemos com
palavras, mas com obras»
1. «Meus filhinhos, não
amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade» (1 Jo 3, 18).
Estas palavras do apóstolo João exprimem um imperativo de que nenhum cristão
pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo
«discípulo amado» até aos nossos dias, aparece ainda mais acentuada ao
contrapor as palavras vazias, que frequentemente se encontram na nossa boca, às
obras concretas, as únicas capazes de medir verdadeiramente o que valemos. O
amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu
exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres. Aliás, é bem
conhecida a forma de amar do Filho de Deus, e João recorda-a com clareza.
Assenta sobre duas colunas mestras: o primeiro a amar foi Deus (cf. 1 Jo 4,
10.19); e amou dando-Se totalmente, incluindo a própria vida (cf. 1 Jo 3, 16).
Um amor assim não pode
ficar sem resposta. Apesar de ser dado de maneira unilateral, isto é, sem pedir
nada em troca, ele abrasa de tal forma o coração, que toda e qualquer pessoa se
sente levada a retribuí-lo não obstante as suas limitações e pecados. Isto é
possível, se a graça de Deus, a sua caridade misericordiosa, for acolhida no
nosso coração a pontos de mover a nossa vontade e os nossos afetos para o amor
ao próprio Deus e ao próximo. Deste modo a misericórdia, que brota por assim
dizer do coração da Trindade, pode chegar a pôr em movimento a nossa vida e
gerar compaixão e obras de misericórdia em prol dos irmãos e irmãs que se
encontram em necessidade.
2. «Quando um pobre
invoca o Senhor, Ele atende-o» (Sal 34/33, 7). A Igreja compreendeu, desde
sempre, a importância de tal invocação. Possuímos um grande testemunho já nas
primeiras páginas do Atos dos Apóstolos, quando Pedro pede para se escolher
sete homens «cheios do Espírito e de sabedoria» (6, 3), que assumam o serviço de
assistência aos pobres. Este é, sem dúvida, um dos primeiros sinais com que a
comunidade cristã se apresentou no palco do mundo: o serviço aos mais pobres.
Tudo isto foi possível, por ela ter compreendido que a vida dos discípulos de
Jesus se devia exprimir numa fraternidade e numa solidariedade tais, que
correspondesse ao ensinamento principal do Mestre que tinha proclamado os
pobres bem-aventurados e herdeiros do Reino dos céus (cf. Mt 5, 3).
«Vendiam terras e
outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades
de cada um» (At 2, 45). Esta frase mostra, com clareza, como estava viva nos
primeiros cristãos tal preocupação. O evangelista Lucas – o autor sagrado que
deu mais espaço à misericórdia do que qualquer outro – não está a fazer
retórica, quando descreve a prática da partilha na primeira comunidade. Antes
pelo contrário, com a sua narração, pretende falar aos fiéis de todas as
gerações (e, por conseguinte, também à nossa), procurando sustentá-los no seu
testemunho e incentivá-los à ação concreta a favor dos mais necessitados. E o
mesmo ensinamento é dado, com igual convicção, pelo apóstolo Tiago, usando
expressões fortes e incisivas na sua Carta: «Ouvi, meus amados irmãos:
porventura não escolheu Deus os pobres segundo o mundo para serem ricos na fé e
herdeiros do Reino que prometeu aos que O amam? Mas vós desonrais o pobre.
Porventura não são os ricos que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais? (…)
De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé?
Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e
precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: “Ide em paz, tratai
de vos aquecer e matar a fome”, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo,
de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está
completamente morta» (2, 5-6.14-17).
3. Contudo, houve
momentos em que os cristãos não escutaram profundamente este apelo, deixando-se
contagiar pela mentalidade mundana. Mas o Espírito Santo não deixou de os
chamar a manterem o olhar fixo no essencial. Com efeito, fez surgir homens e
mulheres que, de vários modos, ofereceram a sua vida ao serviço dos pobres.
Nestes dois mil anos, quantas páginas de história foram escritas por cristãos
que, com toda a simplicidade e humildade, serviram os seus irmãos mais pobres,
animados por uma generosa fantasia da caridade!
Dentre todos,
destaca-se o exemplo de Francisco de Assis, que foi seguido por tantos outros
homens e mulheres santos, ao longo dos séculos. Não se contentou com abraçar e
dar esmola aos leprosos, mas decidiu ir a Gúbio para estar junto com eles. Ele
mesmo identificou neste encontro a viragem da sua conversão: «Quando estava nos
meus pecados, parecia-me deveras insuportável ver os leprosos. E o próprio Senhor
levou-me para o meio deles e usei de misericórdia para com eles. E, ao
afastar-me deles, aquilo que antes me parecia amargo converteu-se para mim em
doçura da alma e do corpo» (Test 1-3: FF 110). Este testemunho mostra a força
transformadora da caridade e o estilo de vida dos cristãos.
Não pensemos nos pobres
apenas como destinatários duma boa obra de voluntariado, que se pratica uma vez
por semana, ou, menos ainda, de gestos improvisados de boa vontade para pôr a
consciência em paz. Estas experiências, embora válidas e úteis a fim de
sensibilizar para as necessidades de tantos irmãos e para as injustiças que
frequentemente são a sua causa, deveriam abrir a um verdadeiro encontro com os
pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida. Na verdade, a
oração, o caminho do discipulado e a conversão encontram, na caridade que se
torna partilha, a prova da sua autenticidade evangélica. E deste modo de viver
derivam alegria e serenidade de espírito, porque se toca palpavelmente a carne
de Cristo. Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu
corpo no corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental
recebida na Eucaristia. O Corpo de Cristo, repartido na sagrada liturgia,
deixa-se encontrar pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e
irmãs mais frágeis. Continuam a ressoar de grande atualidade estas palavras do
santo bispo Crisóstomo: «Queres honrar o corpo de Cristo? Não permitas que seja
desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem O
honres aqui no tempo com vestes de seda, enquanto lá fora O abandonas ao frio e
à nudez» (Hom. in Matthaeum, 50, 3: PG 58).
Portanto somos chamados
a estender a mão aos pobres, a encontrá-los, fixá-los nos olhos, abraçá-los,
para lhes fazer sentir o calor do amor que rompe o círculo da solidão. A sua
mão estendida para nós é também um convite a sairmos das nossas certezas e
comodidades e a reconhecermos o valor que a pobreza encerra em si mesma.
4. Não esqueçamos que,
para os discípulos de Cristo, a pobreza é, antes de tudo, uma vocação a seguir
Jesus pobre. É um caminhar atrás d’Ele e com Ele: um caminho que conduz à
bem-aventurança do Reino dos céus (cf. Mt 5, 3; Lc 6, 20). Pobreza significa um
coração humilde, que sabe acolher a sua condição de criatura limitada e
pecadora, vencendo a tentação de omnipotência que cria em nós a ilusão de ser
imortal. A pobreza é uma atitude do coração que impede de conceber como
objetivo de vida e condição para a felicidade o dinheiro, a carreira e o luxo.
Mais, é a pobreza que cria as condições para assumir livremente as
responsabilidades pessoais e sociais, não obstante as próprias limitações,
confiando na proximidade de Deus e vivendo apoiados pela sua graça. Assim
entendida, a pobreza é o metro que permite avaliar o uso correto dos bens
materiais e também viver de modo não egoísta nem possessivo os laços e os
afetos (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2545).
Assumamos, pois, o
exemplo de São Francisco, testemunha da pobreza genuína. Ele, precisamente por
ter os olhos fixos em Cristo, soube reconhecê-Lo e servi-Lo nos pobres. Por
conseguinte, se desejamos dar o nosso contributo eficaz para a mudança da
história, gerando verdadeiro desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos
pobres e comprometermo-nos a erguê-los do seu estado de marginalização. Ao
mesmo tempo recordo, aos pobres que vivem nas nossas cidades e nas nossas
comunidades, para não perderem o sentido da pobreza evangélica que trazem
impresso na sua vida.
5. Sabemos a grande
dificuldade que há, no mundo contemporâneo, para se poder identificar
claramente a pobreza. E todavia esta interpela-nos todos os dias com os seus
inúmeros rostos vincados pelo sofrimento, a marginalização, a opressão, a
violência, as torturas e a prisão, pela guerra, a privação da liberdade e da
dignidade, pela ignorância e o analfabetismo, pela emergência sanitária e a
falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e a escravidão, pelo exílio e a
miséria, pela migração forçada. A pobreza tem o rosto de mulheres, homens e crianças
explorados para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas do poder e
do dinheiro. Como é impiedoso e nunca completo o elenco que se é constrangido a
elaborar à vista da pobreza, fruto da injustiça social, da miséria moral, da
avidez de poucos e da indiferença generalizada!
Infelizmente, nos
nossos dias, enquanto sobressai cada vez mais a riqueza descarada que se
acumula nas mãos de poucos privilegiados, frequentemente acompanhada pela
ilegalidade e a exploração ofensiva da dignidade humana, causa escândalo a
extensão da pobreza a grandes sectores da sociedade no mundo inteiro. Perante
este cenário, não se pode permanecer inerte e, menos ainda, resignado. À
pobreza que inibe o espírito de iniciativa de tantos jovens, impedindo-os de
encontrar um trabalho, à pobreza que anestesia o sentido de responsabilidade,
induzindo a preferir a abdicação e a busca de favoritismos, à pobreza que
envenena os poços da participação e restringe os espaços do profissionalismo,
humilhando assim o mérito de quem trabalha e produz: a tudo isso é preciso
responder com uma nova visão da vida e da sociedade.
Todos estes pobres –
como gostava de dizer o Beato Paulo VI – pertencem à Igreja por «direito
evangélico» (Discurso de abertura na II Sessão do Concílio Ecuménico Vaticano
II, 29/IX/1963) e obrigam à opção fundamental por eles. Por isso, benditas as
mãos que se abrem para acolher os pobres e socorrê-los: são mãos que levam
esperança. Benditas as mãos que superam toda a barreira de cultura, religião e
nacionalidade, derramando óleo de consolação nas chagas da humanidade. Benditas
as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem «se» nem «mas», nem «talvez»:
são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção de Deus.
6. No termo do Jubileu
da Misericórdia, quis oferecer à Igreja o Dia Mundial dos Pobres, para que as
comunidades cristãs se tornem, em todo o mundo, cada vez mais e melhor sinal
concreto da caridade de Cristo pelos últimos e os mais carenciados. Quero que,
aos outros Dias Mundiais instituídos pelos meus Antecessores e sendo já
tradição na vida das nossas comunidades, se acrescente este, que completa o
conjunto de tais Dias com um elemento requintadamente evangélico, isto é, a
predileção de Jesus pelos pobres.
Convido a Igreja
inteira e os homens e mulheres de boa vontade a fixar o olhar, neste dia, em
todos aqueles que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa
solidariedade. São nossos irmãos e irmãs, criados e amados pelo único Pai
celeste. Este Dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que
reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro.
Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença
religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de
solidariedade, como sinal concreto de fraternidade. Deus criou o céu e a terra
para todos; foram os homens que, infelizmente, ergueram fronteiras, muros e
recintos, traindo o dom originário destinado à humanidade sem qualquer
exclusão.
7. Desejo que, na
semana anterior ao Dia Mundial dos Pobres – que este ano será no dia 19 de
novembro, XXXIII domingo do Tempo Comum –, as comunidades cristãs se empenhem
na criação de muitos momentos de encontro e amizade, de solidariedade e ajuda
concreta. Poderão ainda convidar os pobres e os voluntários para participarem,
juntos, na Eucaristia deste domingo, de modo que, no domingo seguinte, a
celebração da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo resulte
ainda mais autêntica. Na verdade, a realeza de Cristo aparece em todo o seu
significado precisamente no Gólgota, quando o Inocente, pregado na cruz, pobre,
nu e privado de tudo, encarna e revela a plenitude do amor de Deus. O seu
completo abandono ao Pai, ao mesmo tempo que exprime a sua pobreza total, torna
evidente a força deste Amor, que O ressuscita para uma vida nova no dia de
Páscoa.
Neste domingo, se
viverem no nosso bairro pobres que buscam proteção e ajuda, aproximemo-nos
deles: será um momento propício para encontrar o Deus que buscamos. Como ensina
a Sagrada Escritura (cf. Gn 18, 3-5; Heb 13, 2), acolhamo-los como hóspedes
privilegiados à nossa mesa; poderão ser mestres, que nos ajudam a viver de
maneira mais coerente a fé. Com a sua confiança e a disponibilidade para
aceitar ajuda, mostram-nos, de forma sóbria e muitas vezes feliz, como é
decisivo vivermos do essencial e abandonarmo-nos à providência do Pai.
8. Na base das
múltiplas iniciativas concretas que se poderão realizar neste Dia, esteja
sempre a oração. Não esqueçamos que o Pai Nosso é a oração dos pobres. De
facto, o pedido do pão exprime o abandono a Deus nas necessidades primárias da
nossa vida. Tudo o que Jesus nos ensinou com esta oração exprime e recolhe o
grito de quem sofre pela precariedade da existência e a falta do necessário.
Aos discípulos que Lhe pediam para os ensinar a rezar, Jesus respondeu com as
palavras dos pobres que se dirigem ao único Pai, em quem todos se reconhecem
como irmãos. O Pai Nosso é uma oração que se exprime no plural: o pão que se
pede é «nosso», e isto implica partilha, comparticipação e responsabilidade
comum. Nesta oração, todos reconhecemos a exigência de superar qualquer forma
de egoísmo, para termos acesso à alegria do acolhimento recíproco.
9. Aos irmãos bispos,
aos sacerdotes, aos diáconos – que, por vocação, têm a missão de apoiar os
pobres –, às pessoas consagradas, às associações, aos movimentos e ao vasto
mundo do voluntariado, peço que se comprometam para que, com este Dia Mundial
dos Pobres, se instaure uma tradição que seja contribuição concreta para a
evangelização no mundo contemporâneo.
Que este novo Dia
Mundial se torne, pois, um forte apelo à nossa consciência crente, para
ficarmos cada vez mais convictos de que partilhar com os pobres permite-nos
compreender o Evangelho na sua verdade mais profunda. Os pobres não são um
problema: são um recurso de que lançar mão para acolher e viver a essência do
Evangelho.
Vaticano, Memória de
Santo António de Lisboa,
13 de junho de 2017.
Franciscus”
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