Discurso Sobre a Causa da Perda da Fé



Gilson Gomes

Advogado

Minhas senhoras e meus senhores!

Pois acabei de descobrir as causas da perda da fé pelo homem do século XXI. Ocorre que o fiel não possui fé pela força do princípio, mas sim pela força da opinião repassada ao longo da sua vida, pela péssima experiência do passado, e pelo mau exemplo repassado carola, fanático, sectário, senhor da idéia e do pensamento alheio, cínico e hipócrita que lesa o semelhante, não paga dívida e nem a promessa, sempre dá o tapa e esconde a mão, ora de joelhos, recita um milhão de Pai Nossos, e mais um milhão de Ave Maria, e ainda pensa que comprou seu lugar nos céus.

Incrível como é a fé, podendo até adquirir calos nos joelhos, a mulher deixa os filhos e casa suja, e não reparte o pedaço de pão de trigo que degusta solitariamente.

Olham, todos fazem a caridade fraterna, mas de fraterna não há nada, porque, com esse ato imaginam obter mediante caução o reino de Deus.

No entanto, quando encontram um pobre, aquele homem de rua, miserável, pedinte, que ficara um mês sem direito ao banho, e se o estender a mão para um cumprimento gentil, o Cristão vira o rosto, e escarra no chão, e depois fecha a porta do sanitário e lava suas mãos com desinfetaste. A miséria afasta os homens.

Os Cristãos dizem que o dinheiro não importa o que importa é a fé e a graça de Deus. Dizem a justificação se processa por meio da fé e da palavra de Deus, no entanto, os mesmos não possuem coerência entre a teoria e suas ações, imaginam que se forem ao templo uma vez Por semana e ter recolhido tributo a Deus, pelo dizimo, deverão ter ganhado o passaporte à vida eterna, certamente nas romarias e procissões cantarão assim:

- Queremos Deus, homens ingratos...

Nas celebrações dominicais sob a presidência do Padre, e o Pastor das demais confissões verão batendo no peio: - Por minha culpa, minha máxima culpa a petição a Deus, consideram-se pecador de oficio; e do outro lado, existem aqueles, que ao pronunciar que – o senhor é o meu Pastor -, então apoteoticamente, dirão: - Glória Deus. Pois naqueles lugares sagrados, podendo sentar no mesmo lugar, naquele banco, lado a lado, homens honestos, corruptos, velhacos, adúlteros, e só pelo fato de colocar uma oferta no “saquinho” do templo, de um centavo, o fiel displicente e viciado se convence da conquista do reino de Deus.

Há também o fiel que faz da fé um negócio lucrativo, vendendo milagres e indulgência, como fizera no final da Idade Média, e com isso dera motivo para o surgimento das idéias protestantes e do renascimento, cujo capital amealhado pela doação do fiel sob a promessa de obter a felicidade pela cura da sua depressão, permitindo a aquisição de verdadeiros impérios em bens imóveis, estabelecendo a acumulação de capital por meio do uso da arrecadação sistemática e organizada com controle das contas correntes e planos de contas.

A fé é um bem que está dentro da mente e do coração do homem. Não foi o Imperador Constantino que estabeleceu os dogmas da fé, nem o fato da convivência entre a fé e o poder do Estado. Pois a fé existe para impulsionar o homem à construção de uma sociedade mais justa e humana.

O crente e o ateu podem ser o paradoxo da fé, mas o crente, certamente poderá ter maior possibilidade de obter êxito nos seus empreendimentos. Porém, o atue, é um ser humano, que pretende justificar a sua posição só para tentar provar aquilo que é evidente. Ninguém crê na deidade, seja qual for a sua origem, já que as deidades foram construídas pelo homem, mas a divindade, o divino, é fruto da razão dentro da concepção de João Evangelista, no inicio da sua narrativa. Deus no dizer de Aristóteles é o motor que move o universo, não importa o nome que se dê ao tal super Cara.

Pois para o filosofo Deus é a lei da natureza, na mais perfeita ordem, não importa a cognição que se possa ter Dele. Na verdade Deus não tem nome.

Por último, não se pode decretar a morte do homem em nome de Deus, nem destruir a terra em seu nome, nada justifica a ferocidade do fanatismo, nem a reação por causa do filme editado nos EUA, rolado na internet. O melhor que os fanáticos fariam seria dar uma demonstração de amor.

Assim que a fé seja boa, que os homens acreditem no homem, que exista em cada ser um sonho, e todos os dias seja uma prece em agradecimento ao bem e a justiça, por fim a razão. Pois que todo homem seja bom exemplo, que ao falar só exprima aquilo que possa provar, se Deus não existe, ao menos seja um ser que cause problema ao bem viver do outro. É, não faça ao outro aquilo que não deseja que façam consigo mesmo.

Minhas senhoras e meus senhores, a perda fé pelo homem está na sua hipocrisia e no seu cinismo, pois ninguém pode servir a sois senhores, ser bom e mau ao mesmo tempo. Logo ser bom a sociedade ganha, e os céus ganha também, se for mau, perde a sociedade, aí não importa se os céus existam, porque para o mau proceder nem Deus resolve a questão, aí bom ser ateu graças a Deus.

É, graças a Deus que morreu, com milhões de augúrios.

Obrigado, que a fé sobreviva no homem.

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