Reflexão - Onde está a Diferença entre o Macaco e o Homem Professora?



Gilson Gomes
Advogado 

“Certos pavões escondem de todos os olhos a sua cauda - chamando a isso o seu orgulho.”
                                                                                             Friedrich Nietzsche

“O macaco é um animal demasiado simpático para que o homem descenda dele.”
                                                                                          Friedrich Nietzsche

A  Professora   que por obrigação deveria  evitar o uso  de étimos, especialmente o nome do primata mais assemelhado  ao homem,  na forma  de   melindrar a dignidade e a estima do ser  humano, e imaginado ficar  de bem em razão da posição social, ainda pelo fato de existir a irresponsabilidade  e desconhecimento dos princípios que regem a linguagem  no contexto social, particularmente, no estrato da sociedade onde se convive no tempo e no espaço com homens e mulheres diferentes, sendo pessoas instruídas  e habilitadas para o mister, mas não formadas dentro dos valores da ética e da moral  necessários à construção da sociedade civilizada e de homens com caráter  de homens nobres e cidadãos. Esta prática não foi vista na noticia a seguir:
A professora universitária Daniela Clodorvil, que na última sexta-feira (14) teria chamado um vigilante e um aluno da Universidade do Estado do Pará (Uepa) de "macaco", pediu desculpas ao segurança nesta segunda-feira (17) em entrevista exclusiva à TV Liberal, afiliada da Rede Globo no Pará. A docente dá aulas de religiões africanas na instituição.
"Reconheço que errei com ele. Me excedi. Não poderia ter discutido com ele, como professora e como profissional. Ele não era responsável pela situação", afirma Daniela. Perguntada se ela se arrepende do que disse, ela diz que "Me arrependo e por isso estou aqui pedindo desculpas para ele nesta entrevista", argumenta.
Pois esta é a noticia veiculada   em todos os jornais, especialmente no G1
A linguagem[1]  é o sistema que o homem utiliza para se comunicar com os  semelhantes. A linguagem pode ser simbólica, por meio de gestos e sinais, como a linguagem oral e escrita. Ora é pela linguagem que o homem exprime seu pensamento e opinião sobre atos e fatos expressos por meio dos étimos dentro da sua significação simbólica,  devendo dar ao ouvinte o entendimento e a compreensão  dos eventos que ocorrem na vida, aquilo que  tem a cognição de hermenêutica (interpretação). Daí pela linguagem escrita e oral capaz de exprimir à idéia e o pensamento, cujo fim pode ser a intuição e a percepção da existência dolo e da culpa, podendo ter ferido ou ferir no  tempo presente a honra   pela  infração à ética e a moral, dentro dos usos e costumes a alma, lá no âmago onde reside a dignidade da pessoa humana.

A ofensa a dignidade da pessoa humana  pela sua falseabilidade e macular o bom caráter, o bom comportamento, e o físico com atos e palavras no  Direito  e na filosofia tem o nome de injuria[2]

A injuria é étimo  desconhecido da educação no Brasil, pelo fato do infrator  emitir  juízo de valor sobre a cor, a etnia, deficiência de todas as formas, a velhice,  o sexo, o trabalho não considerado digno pela classe dominante, enfim  são estigmas  culturais criados pelos grupos sociais,   ato ou expressão estabelecida como preconceitos,  posteriormente vem a discriminação, como o impedimento do exercício da atributo e predicado do sujeito. Atualmente não se tem o conceito de racismo  estabelecido no  Tratado de Nuremberg, onde o racista é aquele que discrimina a raça e vê o semelhante como ser  inferior em razão da origem racial. O conceito de racismo  está adstrito a prática dos Nazistas, se conceito de raça pura em detrimento das demais etnias, como o caso do povo Judeu e os ciganos, por exemplo. Os nazistas também mandaram para o campo de concentração da Bélgica  soldados Americanos. Hoje o racismo se compreende  a exclusão da etnia diferente, sem levar em conta que todos os seres são humanos. Logo do gênero e da raça humana. Por isto a injuria  é a falseabilidade  contra o negro, a pessoa com deficiência, o idoso, a mulher, enfim ela  criminaliza  a ofensa a honra, a moral, o físico,  inibindo a dignidade da pessoa humana.

Dar nome de macaco ao homem criado a imagem e semelhança de Deus, mesmo que ambos sejam irmãos mais próximos se trata de negar a dignidade do homem,  transformando-o naquilo que não é. Daí a pratica do ato, mesmo que dentro direito de livre manifestação de pensamento e opinião excede os limites da razoabilidade pelo fato de ferir o âmago da alma do homem.
“Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra.”
Bob Marley

O fato de   cognominar de macaco retira do homem a universalidade do ser, já que não é macaco. Logo é  homem, apenas homem.

O juízo de valor criado pela  professora  com a rotulação de macaco estabelece a relação intencional de   crer ser aquele ser, efetivamente, macaco. Logo naquele momento, o homem à sua frente é o macaco. No momento que a suposta vitima registra o BO – Boletim de Ocorrência junto a Autoridade Policial, a vitima crê que o  suposto infrator é autor do ilícito penal, tanto na essência quanto na potência

No caso, é claro que a retratação minimiza a potência do ato, porque  a virtude da humildade é sempre louvável, mas não retira a pecha de primata, ou de cegueta, caolho, manqueta,  maneta, pobre, feio, gordo, outorgada ao homem. A palavra cirurgicamente empregada  ela é tão letal quanto  o furo da espada de Drácon na nuca.

Assim a boca fala daquilo que está no coração[3], e afirmar de que não    desejo de ofender o semelhante é hipocrisia, já que na nossa cultura se joga muito lixo no outro irresponsavelmente, especialmente, quando se usa a expressão criminosa sem prova. O homem no Brasil  não foi educado para pensar, ela faça como se fosse uma metralhadora giratória, e em regra, faz um enorme estrago na vida do outro.

Pois todos possuem o hábito de ver o vicio no outro, mas não policia os seus vicio, especialmente os cacófagos da linguagem, especialmente, no direito,  - pede-se uma coisa, e se escreve outra, com o fito exclusivo de protelar o conhecimento e a providência imediata da lesão. É comum nas sentenças os juízes escreverem que não é bem assim, mas ainda não é tudo, quer saber como funciona o dicionário paralelo, tente pedir algo ao seu Prefeito, e os filólogos de plantão darão o seu direito segundo o interesse do esquema.

A linguagem no Brasil  atende os interesses da classe dominante, ela possui seu jargão, e o seu léxico, e não adianta o Aurélio dizer que não é. Se não acreditar, pode  tentar, e verá como funciona a linguagem do interesse e a conceniência.

A Professora, certamente, ao dar o nome de macaco ao vigia, certamente quis colocar suas vísceras na língua, e naquele momento pensou com todas as letras ser o homem – macaco primata.

É sabido que todo ser humano possui o seu destempero, Aristóteles dizia ser a mulher destemperada, claro que o Estagirita exagerou na dose, sempre há exceções, e belas exceções, cremos que o ato da professora se trata de um destempero, ausência da virtude da temperança e da tolerância.
“A razão pela qual intolerância, sexismo, racismo, homofobia existem é o medo. As pessoas têm medo de seus próprios sentimentos, medo do desconhecido.”
Madonna
O racismo é o tipo de infração que não admite a retratação, nem a fiança, é o que está escrito na Constituição Federal. O legislador Constituinte  considera a infração ofensa a direito universal. O bem universal é inerente  a natureza do homem. A ofensa ao bem universal não cabe nem a graça, nem indulto, nem perdão, porque se assim o fizer, a humanidade se encarrega de fazer a sua parte, levar ao inferno universal. Não confundir  com a infração de calunia e difamação, tais tipos penais tratam  de ato restrito e particular, mas quando o ato atinge o universo, aí  ultrapassa os limites territoriais da soberania do Estado.

Por último, a Professora além de cometer uma grande gafe, também, maculou a profissão de  mestra universitária da matéria de religião de matriz africana, deveria no caso ser a primeira  a  demonstrar  tolerância com o semelhante, e o maço que nada tem que ver com o ato  de mau gosto, e com forte dose de estigma racista.

Atos dessa natureza é  como jogar um saco de pena da torre para baixo, e depois tentar recolher a pena.

É, o macaco merece respeito.

Mas o homem, também.

Atos assim deve ser  objeto de uma profunda reflexão o juízo de valor que é dado ao semelhante, porque é importante repetir – Ame o próximo como se fosse a si mesmo, e conhece a si mesmo, -, certamente, o homem  poderá ser melhor.

Pense

ACADEMIA  CRICIUMENSE DE FILOSOFIA - ACF


[1] A palavra linguagem tem pelo menos dois significados fundamentais: a linguagem como um conceito geral; e a linguagem como um sistema linguístico específico (língua portuguesa, por exemplo). Em português, se utiliza a palavra linguagem como um conceito geral e a palavra língua como um caso específico de linguagem. Em francês, o idioma utilizado pelo linguista Ferdinand de Saussure (o primeiro que explicitamente fez essa distinção), existe a mesma distinção entre as palavras langage e langue[11].Quando se fala da linguagem como um conceito geral, várias definições diferentes podem ser utilizadas ​​para salientar diferentes aspectos do fenômeno[11]. Estas definições implicam também diferentes abordagens e entendimentos da linguagem, distinguindo as diversas escolas da teoria linguística.
 
[2] Injúria do latim injuria, de in + jus = injustiça, falsidade. No Direito consiste em atribuir a alguém qualidade negativa, que ofenda sua honra, dignidade ou decoro. É um crime que consiste em ofender verbalmente, por escrito ou até fisicamente (injúria real), a dignidade ou o decoro de alguém, ofendendo a moral, com a intenção de abater o ânimo da vítima.
[3] LUCAS 6:45 O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca.

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