Discurso contra o Descarado Cara de Pau.
Gilson Gomes
Advogado
Pois minhas senhoras e meus senhores,
Não é que em todo
lugar existe um descarado
Com forma de cara de pau.
Existem sim, homens e mulheres,
Cujo sentimento e as
lágrimas
São semelhantes as do crocodilo,
Podendo até, – matar e depois chorar no velório,
Depois dar a cantada
na viúva,
Já que o falecido está fresco
sob a tábua rasa,
Comidas ao choro de carpideiras...
Pagas religiosamente para chorar.
Eu sei meus senhores e senhoras,
Que Trajano fora cremado,
Augusto divinizado,
Cleópatra fora picada pela Naja,
Segundo se sabe – desejo pelo poder.
Olha quanto
sarcasmo no corrupto...
Herodes Antipas ao colocar o púrpura no Cristo,
Dissera ser inofensivo por ser estóico,
Devolvendo-O a Pilatos com dentes de ouro e...
Cárie profunda, a boca
fétida lavara as mãos,
Pela pena imposta ao inocente,
Mas não procurara um dentista...
Para limpar sua
boca de homem cruel,
Matado inocente,
Normal a quem pensa
nos favores...
De Anás e de Caifás.
É Sócrates morrera por ensinar a pensar,
Galileu pelo fato de a terra girar ao redor do sol,
Basta ser diferente para morrer...
Torturado e castrado pela inquisição
Como fizera com Abelardo pelo amor de Heloisa,
Há Romeu e Julieta do poeta inglês,
Como existe poema de Fernando Pessoa.
Mas meus senhores e senhoras,
Também corrupção de
Dirceu sem Marília,
Bombas jogadas na
cabeça de cada homem
Sem meios de defesa da
radiação no ar.
Não sei qual dos homens e cara de pau,
Descarado de tal jeito que a lei é quimera,
O cidadão centauro perdidos entre titãs...
No inferno particular em que Beatriz ria...
Da nossa comédia, nada com a humana de
Balzac.
Diga-me será que há
espelho?
Nem água limpa para lavar o rosto?
Do descaramento e da
cara de pau,
Pois um bom óleo de peroba e uma gota...
Água sanitária poderia
deixar...
A cara do déspota e tirano dos dias atuais...
Deputados, senadores, governadores,
Prefeitos, vereadores,
Servidores públicos de todas as origens...
Que brincam de rico com o nosso dinheiro.
Vergonha, não,
Mas sim, pedir para morrer
Com os efeitos da cicuta[1].
Não é Sócrates?
Sem cara de pau.
ACADEMIA CRICIUMENSE DE FILOSOFIA – ACF.
[1] Cicuta
L. (também chamado abioto, em alguns lugares de Portugal) é um género de
plantas apiáceas que compreende quatro espécies muito venenosas, nativas das
regiões temperadas do Hemisfério Norte, especialmente da América do Norte. São
plantas herbáceas perenes, que crescem até 1-2 metros. É também o nome comum do
veneno extremamente poderoso produzido pela planta conhecida por cicuta (Conium
maculatum), nativa da Europa, do Médio Oriente e da bacia mediterrânica. A
principal causa de sua toxicidade é a presença da substância cicutoxina. Além
do seu uso para a ponta de flechas, este veneno ficou conhecido como «veneno de
Sócrates» porquanto que o filósofo grego o tomou num processo de
auto-envenenamento da época por ser acusado de ateísmo e corrompimento dos
jovens gregos; antes de falecer, segundo Platão, seu mestre incutiu uma dúvida
a seus acusadores: "E agora chegou a hora de nós irmos, eu para morrer,
vós para viver; quem de nós fica com a melhor parte ninguém sabe, exceto o
Deus."
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